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PME preparam-se para 2022

O desafio da pandemia, as novas exigências dos negócios, a digitalização, a falta de investimento… são inúmeras as “batalhas” das pequenas e médias empresas nacionais. O futuro é incerto para este perfil de empresas, mas a resiliência continua a marcar a atitude empresarial





N uma altura em que se discute o impacto do Orçamento do Estado para o próximo ano no tecido empresarial nacional, as pequenas e médias empresas (PME) mostram-se expectantes quanto ao futuro. Mas apesar das incertezas quanto aos próximos meses, ainda por conta da pandemia, entre outros fatores, algumas certezas estão instaladas: a inevitabilidade da transformação digital e a necessidade de inovação. Algumas empresas nacionais sofreram na pele as consequências de não apostarem nestas valências, outras souberam, e bem, aproveitar as dificuldades que os últimos meses lhes impuseram e transformá-las em oportunidades de negócio bem-sucedidas.

Neste contexto, muitas PME foram protagonistas da resiliência que caracteriza este perfil de empresa, ou não fossem elas uma parte significativa do universo empresarial português (mais de 90%) e onde cerca de 70% (estimativa da Associação das Empresas Familiares) ainda têm uma estrutura e propriedade familiar.

PME dominam exportações na Europa

Os dados mais recentes divulgados pelo Eurostat relativos a 2019 mostram o peso das PME na Europa, onde valem 37% das exportações de bens na União Europeia. Por outro lado, 97,8% das exportadoras no cenário da União Europeia são empresas de pequena e média dimensão.

Ainda de acordo com o Eurostat, as grandes empresas europeias são responsáveis por cerca de 62% da quota de mercado nas exportações de bens. Já as PME representam 37% das vendas para fora da União Europeia, sendo que 20% são médias empresas, 10% pequenas e 7% microempresas. No domínio das importações de mercadorias na União Europeia, os valores revelados referem uma quota total de 46% para as PME. Neste cenário, as médias empresas são responsáveis por 21% das importações, as pequenas por 14% e as microempresas por 11%. Quanto às grandes empresas, canalizam 53% das importações. Ou seja, de acordo com a informação divulgada pelo Eurostat, constata-se que as PME representam a quase totalidade das importadoras e das exportadoras de bens nos países da União Europeia. Ainda relativamente a 2019, ano de referência do relatório da Eurostat, 98,7% das empresas importadoras na região comunitária (intra-UE e extra-UE) foram de pequena e média dimensão, percentagem que vai ao encontro da tendência verificada nos últimos anos. Já nas exportações, o número desce para os 97,8%. Por outro lado, as microempresas representaram a maior proporção de empresas importadoras (77%).

Transformação digital acelera

Não é novidade para ninguém que a pandemia foi a grande impulsionadora da transformação digital das empresas, quer no cenário nacional quer internacional. Basta olhar para os resultados de alguns dos inquéritos que têm sido feitos junto do tecido empresarial. Um relatório da SMB Trends Report, da Salesforce, feito junto de mais de 2500 empresas no mundo (42% das quais europeias), constata que a grande maioria das pequenas e médias empresas europeias (94%) passou parte do seu negócio do físico para o online. Por outro lado, 71% das PME acreditam que as mudanças irão beneficiar o negócio no longo prazo. As empresas que estão em crescimento usam mais tecnologia do que as que estão estagnadas ou em decréscimo de atividade. Verificou-se também que 42% das PME em crescimento utilizam tecnologia no contacto com o cliente, 49% para as vendas e 42% para o marketing, por oposição a 23% no contacto com o cliente, vendas e marketing por parte das PME paradas ou em decréscimo. O relatório destaca que, do conjunto de organizações que realizaram mais investimentos na digitalização dos seus negócios durante a pandemia, 66% fizeram-no com até 50% das suas infraestruturas e 28% com mais de metade ou até à totalidade dos seus serviços. As empresas que estão em crescimento usam mais tecnologia do que as que estão estagnadas ou em decréscimo de atividade.

De referir ainda que as alterações na forma de interagir com os clientes foram as principais mobilizadoras dos investimentos efetuados em tecnologia. Levaram a que 39% das PME europeias disponibilizassem mais recursos para comunicação, enquanto 33% aumentaram as formas de contacto, 31% ofereceram mais flexibilidade aos clientes e 23% priorizam a manutenção de relações duradouras em vez dos compradores one shot. Acresce, por outro lado, que, impulsionado pelas mudanças de comportamentos dos consumidores durante a pandemia, 73% das PME europeias afirmam querer manter serviços contactless nos pagamentos (38%), no serviço ao cliente (38%), no serviço de e-commerce (30%) e nas encomendas mobile (23%).

Desafios dos novos modelos de trabalho

O universo empresarial das PME também sofreu alterações nos modelos de trabalho adotados, mais uma das consequências da pandemia de covid-19, que veio, concretamente, acelerar a tendência das organizações para implementarem modelos de trabalho flexível – presencial e remoto. Aliás, em Portugal, três quartos das empresas pretendem implementar um modelo de trabalho híbrido, de acordo com um estudo desenvolvido pela Mercer entre maio e junho de 2021.

O paradigma das formas de trabalhar mudou e as exigências do negócio e das pessoas acentuaram-se. Neste quadro, a flexibilidade pode ser uma vantagem competitiva para as organizações e um diferenciador na proposta de valor para os seus colaboradores, explicam os especialistas.

O Flexible Work Survey 2021 comprova que, mais do que uma tendência, o trabalho flexível é uma realidade para a maioria das empresas nacionais. A intenção de implementação de novos modelos de trabalho está patente no facto de cerca de metade das empresas contempladas no Flexible Work Survey querer fazer alterações nos seus espaços físicos nos próximos cinco anos, já que 71% delas pretendem aderir à flexibilidade horária.

Realizado em cerca de uma centena de empresas em Portugal, o estudo demonstra que a maior flexibilidade é uma das grandes expectativas dos colaboradores no mercado de trabalho, a que as PME dificilmente deverão escapar, pelo menos aquelas que não dependem de unidades industriais. Entre as várias conclusões e tendências identificadas, refira-se que 75% das empresas inquiridas planeiam oferecer um modelo híbrido como parte da política de trabalho flexível e que 33% equacionam disponibilizar o trabalho remoto em full-time.

Também a forma como o trabalho é desenvolvido ou distribuído dentro das equipas e organizações tem evoluído muito. Nesta matéria, 34% das organizações planeiam recorrer a freelancers e associados, ou seja, a colaboradores não-permanentes, enquanto cerca de 34% projetam optar por uma pool interna de talentos, alocando colaboradores a projetos fora da sua área habitual de atuação.

Por outro lado, a maior parte das organizações inquiridas (74%), salientam que o trabalho flexível será voluntário para os colaboradores elegíveis. Até nos horários praticados pelas empresas se preveem alterações, como antevê o Survey da Mercer: 71% planeiam oferecer um horário flexível, 30% optarão pela oferta de horários reduzidos ou em part-time e 21% vão permitir a possibilidade de personalizar horários ou criar turnos. Só 11% planeiam ter semanas de trabalho flutuantes e 12% semanas condensadas.

Estas tendências refletir-se-ão também nos próprios espaços de trabalho. A Mercer adianta que 46% das organizações pretendem tornar os escritórios mais eficientes nos próximos cinco anos. A diminuição dos espaços/edifícios, dos gabinetes individuais ou a mudança para espaços mais colaborativos, como open office e hot desking, são algumas das possibilidades equacionadas.

Previsões em alta para 2022

O NECEP – Católica Lisbon Forecasting Lab divulgou no mês passado as suas previsões para a economia portuguesa para o próximo ano, no qual é esperado um crescimento na ordem dos 4,3%, conforme o relatório apresentado.

Segundo este organismo, o nível de atividade da economia nacional teve no 3.º trimestre deste ano o maior aumento desde o início da pandemia e das políticas de confinamento adotadas em março do ano passado. Estima-se que a economia tenha crescido 1,5% em cadeia ou 2,9% em termos homólogos, pelo que deverá estar a operar a cerca de 95,6% do nível do 4.º trimestre de 2019, este ainda sem os efeitos da pandemia.

Ainda de acordo com o Católica Lisbon Forecasting Lab, o desempenho económico nos restantes meses do ano deverá sofrer a influência da intensidade das restrições à atividade económica em Portugal e na Europa, assim como da economia internacional, com sinais de abrandamento nos Estados Unidos, na China e na Zona Euro.

As previsões para 2022 apontam para um crescimento de 4,3%, percentagem que permitiria um nível de atividade equivalente a 99% de 2019. A partir daí, o crescimento deverá abrandar para cerca de 2%, devido às previsíveis medidas de consolidação orçamental em 2023. A análise salienta ainda que as tensões inflacionistas observadas, quer a nível europeu quer nos EUA, deverão refletir-se também em Portugal, com uma inflação esperada de 1% já este ano e de 1,3% em 2022.

O NECEP conclui que o cenário central de crescimento do PIB em 2021 está nos 3,7%. É uma revisão em alta de 0,2%, justificada pela melhoria dos serviços e das exportações, que colocaria a economia portuguesa a operar no limiar dos 95% do nível de 2019. Face às incertezas ainda instaladas no mercado, o relatório salienta que este ano o crescimento poderá oscilar entre os 3,2% e os 4,2%, em função da intensidade das limitações à atividade económica e da dimensão do apoio orçamental às empresas e famílias mais afetadas pela crise.

Pequenas e Médias Empresas


Fonte: PORDATA
Fontes de dados: INE - Sistema de Contas integradas das Empresas
Última atualização: 2021-03-29