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especial gestão de pessoas | opinião

Talento em TI: O que temos de fazer quando encontramos a tal “agulha no palheiro”?

António Loureiro, CEO da Conquest One


P odia começar por falar no trabalho quase hercúleo que é contratar o recurso tecnológico perfeito para uma empresa ou projeto. Mas isso já toda a gente sabe! O pior é o que acontece depois. Depois de todos os truques, trunfos e “jogos de cintura” para atrair, conquistar e criar uma oferta atrativa e imbatível para aquele profissional de tecnologias que tanto procurámos, como impedimos que ele fuja ou seja roubado, muitas vezes no espaço de alguns meses? O que temos de fazer para sobreviver ao turnover tsunami?

A retenção de talento é crucial, porque não perdemos apenas o profissional que queríamos. Perdemos tempo, deixamos projetos a meio, comprometemos qualidade e timings de entrega, fragilizamos e desequilibramos equipas, perdemos dinheiro investido na contratação e formação daquela pessoa.

O grande desafio na retenção de talentos não está só na atual equação oferta-procura. Está na realidade atual do mercado: temos uma força de trabalho cheia de gregos e troianos, e, como diz o ditado, é difícil agradar a gregos e troianos.

O rumo é seguir é human centered. Toda a estratégia de atração, contratação e (mais importante) de gestão de pessoas tem de ser totalmente ajustada a cada trabalhador. Os anteriores modelos “chapa 5” de gestão de recursos humanos já não funcionam, porque a atual força de trabalho é extremamente diversa a vários níveis.

Essa força é habitualmente multigeracional, o que por si só já justifica uma abordagem distinta, mas atualmente há um ingrediente que adensa ainda mais esta diferença. Existe uma geração que nasceu na era analógica, uma que surgiu na era da transição tecnológica e outra num mundo totalmente digital – o mindset é completamente diferente.

O dinheiro já não é o único grande trunfo para a gestão e fidelização dos profissionais de TI. Estes querem equilíbrio e qualidade de vida, projetos desafiantes e ambiciosos, querem crescer, contribuir, ser reconhecidos. A velha relação “eu mando, tu executas” não funciona e as empresas que não entenderem esta evolução e não se ajustarem aos novos modelos de trabalho e de gestão não vão conseguir reter talento. Por fim, é crucial que a gestão de pessoas seja feita por… pessoas. Isto pode parecer uma frase totalmente desnecessária, mas na verdade não é. Tudo gira em torno das pessoas, porque são as pessoas que transformam.

A inteligência artificial e as restantes soluções tecnológicas atualmente ao serviço dos recursos humanos são muito importantes, mas nunca deverão substituir a relação pessoal entre as partes. Com o trabalho remoto, e sem uma política de gestão de pessoas bem desenhada, é fácil ter um recurso em autogestão – business only – sem qualquer relação de proximidade ou empatia para com a empresa. Sentir que faz parte de uma equipa, da cultura empresarial, do sucesso de um projeto e empresa, o que chamamos de “vestir a camisola”, é algo mais emocional, que se cria através de um relacionamento direto com alguém que lhe dá os parabéns pelo sucesso e que se preocupa em saber se o recurso está feliz, motivado, se tem queixas, se precisa de algo mais. Gerir pessoas não é recebê-las e tentar mudar a sua opinião quando elas comunicam que se vão embora. Tal como nos negócios, o segredo não está na resolução dos problemas, mas na sua prevenção.