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saúde | ABERTURA

O futuro pós-Covid-19 será diferente?

A pandemia de covid-19 está a levar o sector da saúde para uma nova realidade, onde a prevenção deve ser o mote, a disponibilidade de pessoas, meios e medicamentos uma realidade e a inovação uma constante

Texto: José Miguel Dentinho



E stamos a viver na era das pandemias. A de covid-19 continua a dominar os títulos dos órgãos de comunicação e seria difícil de ser de outra forma, pois o número de infeções ainda está apenas a abrandar, após registar valores recorde em Portugal e no resto do mundo. Mas não só, porque a incidência de malária também está a crescer à medida que aumenta o aquecimento global, devido à emissão de gases com efeito de estufa, e como consequência, entre outras, cresce a propagação de mosquitos transmissores de doenças como esta.

Melhor gestão

O Banco Mundial estima que até 2050 5,2 mil milhões de pessoas irão contrair malária. No entanto, não existem planos globais estruturados para acabar de vez com pandemias como esta ou como a da SIDA, que ainda está longe de ter deixado de existir. Por enquanto, e apesar de todo o conhecimento existente, ainda continuamos a viver de respostas reativas por parte dos governos, que deveriam já estar a preparar o futuro. É preciso arranjar formas de acabar com as pandemias, ou pelo menos de prevenir e atenuar os efeitos das atuais e das que deverão surgir no futuro, porque isso é quase uma certeza. Isto significaria que poderiam ser evitados muitos mais milhares de milhões de euros de perdas económicas, de vidas e de meios de subsistência de milhões de pessoas pobres em todo o mundo.

A constatação de que os custos económicos de uma pandemia podem ser enormes deveria levar a muitos milhares de milhões de euros de investimentos em investigação e desenvolvimento, para encontrar vacinas, terapêuticas e métodos não-médicos de prevenção em relação ao aparecimento de novas doenças infetocontagiosas que certamente surgirão. Mais de dois anos após a pandemia ter surgido, cerca de 430 milhões de casos relatados e de seis milhões de mortes, números conhecidos por serem “subestimados”, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), defende que são precisas mais medidas para proteger os mais vulneráveis, já que “o mundo deve aceitar que o vírus e as suas variantes irão estar connosco durante mais tempo, mesmo que a fase aguda da pandemia possa terminar até ao final de 2022”. Também apela a uma melhor gestão de doenças respiratórias agudas, com base numa plataforma internacional sustentada e integrada para coordenar a preparação contra futuras pandemias.

Segurança financeira

Mas o coronavírus não teve apenas um efeito devastador na saúde de milhões de pessoas. Também teve repercussões na segurança financeira dos sistemas de saúde de todos os países do mundo e suas unidades de saúde.

À medida que as ordens de confinamento foram sendo levantadas, os consultórios, unidades de saúde e hospitais tiveram de integrar nos serviços que prestam, de forma segura, os cuidados não-essenciais, processos de seleção dos pacientes e consultas nas suas instalações. Para além disso, os seus gestores foram forçados a procurar e encontrar estratégias para recuperarem o mais rapidamente possível as perdas financeiras resultantes do período de pandemia.

O sector dos cuidados de saúde é complexo, dinâmico, exigente. Para quem está doente, como é evidente, mas também para quem presta os cuidados, sobretudo numa era em que surgem novas doenças e, com elas, novas necessidades por parte dos pacientes. Isso levou a que a transformação digital passasse a decorrer mais rapidamente e foi necessário ajustar modelos de pagamento e de assistência médica e melhorar o acesso aos cuidados de saúde.

Mais digitalização

As implicações de curto prazo do desafio global causado pela pandemia na área da saúde são evidentes. Mas as suas consequências de longo prazo, incluindo a forma como se irá mover o sector da saúde e as suas prioridades, ainda são difíceis de prever. Para já, a digitalização da sociedade e da economia tem contribuído para uma melhor comunicação e interligação entre os seus diversos agentes, funcionando como alavanca para atenuar as deficiências sentidas de produtos e equipamentos médicos, medicamentos e outros itens necessários para testar e proteger as pessoas em relação à covid-19, e não só. Mas espera-se que os países reavaliem as suas cadeias de fornecimento de medicamentos, equipamentos médicos e suporte de vida e façam pressão para a diversificação de fornecedores e de unidades de fabricação de produtos médicos e farmacêuticos e de equipamentos, para que sejam também estabelecidas a nível doméstico.

As tecnologias de Internet das Coisas (IoT) da saúde têm desempenhado, e continuarão a desempenhar, um papel crítico na melhoria da prestação de cuidados aos pacientes e na segurança das equipas. O uso de sistemas de localização em tempo real (RTLS) permite aos médicos encontrarem rapidamente equipamentos essenciais, como ventiladores e monitores cardíacos, e outros, como camas, e garante que foram desinfetados antes do uso por novos pacientes. Os líderes dos hospitais podem, em tempo real, aproveitar o mesmo sistema para direcionar pacientes e funcionários expostos a um determinado contágio com base em relatórios de rastreamento de contacto.

Além disso, a obrigatoriedade da higienização eletrónica das mãos e da monitorização da pressão diferencial do ar também podem contribuir para apoiar os esforços de controle da infeção, retardando a disseminação do vírus nos ambientes das unidades de saúde.

Há avanços no que diz respeito à digitalização da saúde que estão a contribuir para uma melhor comunicação das novas ideias e ao surgimento mais rápido de inovações

Investir na prevenção

Será essencial e sábio investir na prevenção, pelo menos em relação a catástrofes de origem semelhante a esta, até porque o mundo será muito mais exigente daqui para a frente. Isso implicará maior eficiência de custos, resultados comprovados para os pacientes e maior contribuição da assistência médica para a experiência geral em toda a cadeia de valor.

Muito se está a passar no sector da saúde de cada país, assim como a nível global. Há avanços no que diz respeito à sua digitalização que estão a contribuir para uma melhor comunicação das novas ideias e para o surgimento mais rápido de soluções e inovações. O trabalho integrado tem contribuído para isso, até porque o mundo evolui e avança mais depressa quanto mais as equipas são diversificadas em termos de conhecimento, cultura e visão. É sobre as novas ideias e inovações do sector, a forma de estruturar a saúde para um futuro mais preventivo e prevenido e o papel da digitalização no processo que queremos falar neste especial. Mas também daquilo que as empresas ligadas ao sector estão a fazer para viver o presente e preparar um futuro que será diferente, não só devido aos efeitos da pandemia, mas também à transformação do paradigma energético que já está a decorrer, em prol da sustentabilidade ambiental do nosso planeta, e às mudanças sociais resultantes de uma cada vez maior concentração demográfica.