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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL | ABERTURA

Os desafios da sustentabilidade ambiental

Essencial para assegurar o futuro do planeta para as próximas gerações, a sustentabilidade ambiental deve ser um fator cada vez mais importante para a gestão das empresas e uma prioridade política para muitos países e organizações

Texto: José Miguel Dentinho



A combinação da aceleração das mudanças climáticas com o crescimento da desigualdade de rendimentos, a pandemia causada pela covid-19 e os conflitos geopolíticos mais recentes criaram enormes desafios em relação à forma como as empresas e as economias dos países são geridas. Em resposta, as primeiras, pressionadas por investidores, empregados e colaboradores, clientes, ativistas e consumidores, estão a implementar iniciativas de sustentabilidade a um ritmo sem precedentes, após anos de ceticismo e pouco compromisso com a necessária mudança.

Mudança global de mentalidades

Mas o objetivo de zero emissões líquidas não depende apenas do empenho das empresas e dos seus gestores. É também uma responsabilidade de governos, instituições e pessoas de todo o mundo, porque implica uma mudança global de mentalidades e comportamentos em relação à forma como produzem e usam a energia, utilizam e descartam os resíduos urbanos e outros, encaram e protegem os ecossistemas e a sua biodiversidade, utilizam e gerem a água, em particular a potável, e diminuem as emissões de gases com efeito de estufa e outros. Para além disso, necessita, numa época em que os efeitos das alterações climáticas se fazem sentir de forma cada vez mais marcada e muitas vezes inesperada, de mais e melhor preparação para o imprevisto e para os riscos de curto prazo de ocorrência dos seus efeitos. E ainda para agir com o empenho e a determinação essenciais à resiliência, com base em conhecimento adquirido através da experiência e da troca de informações entre empresas e estas e os centros de investigação.

Uma economia cada vez mais circular

O pensamento e as ações sustentáveis são lógicos e deviam ter sido usados desde sempre. O que é que implicam? A concentração nas necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas em termos económicos, ambientais e sociais. É por isso que as empresas assumem cada vez mais compromissos públicos em relação à sustentabilidade económica, social e ambiental, incluindo a redução das suas emissões de gases com efeito de estufa e a diminuição da deposição de resíduos, com base numa economia cada vez mais circular, que os transforme para serem de novo usados, tal como acontece em Portugal em relação ao papel e ao cartão, em maior escala, e às embalagens de plástico e alumínio. Isso compreende também o investimento em fontes renováveis para suprir as suas necessidades energéticas e o apoio a organizações que trabalham por um futuro mais sustentável. Tudo porque o mundo precisa mesmo de reduzir para metade as emissões globais de carbono até 2030, e fazê-lo novamente até ao final da década seguinte.

Eficiência energética

É preciso não esquecer que 80% das emissões de CO2 atuais ainda resultam da produção e consumo de energia. Até agora, o foco da descarbonização tem sido apontado predominantemente para o lado da oferta. Mas isso é apenas uma parte da solução, porque é necessário melhorar ainda mais a eficiência energética de pessoas, empresas e organizações, até porque a forma como consumimos a energia pode contribuir para uma percentagem significativa da descarbonização do sector energético. Só que estes são temas menos atrativos para os órgãos de comunicação social e para os círculos políticos do que a geração e fornecimento de energia. O mesmo parece acontecer junto dos líderes das empresas, o que é compreensível até certo ponto.

A otimização digital dos ares condicionados e do aquecimento elétrico dos escritórios e lares não é um tema tão atrativo ou inspirador como a implantação de campos extensos de painéis solares, apesar do seu potencial de degradação da biodiversidade nas zonas onde irão ser implementados, ou de turbinas eólicas imponentes. E é difícil perceber qual é o impacto da eficiência energética, já que esta resulta, sobretudo, de milhões de ações realizadas pelas pessoas em residências, fábricas, prédios de escritórios, edifícios públicos, sistemas de transporte e centros comerciais. Isso significa que o mundo empresarial e político ainda não percebeu bem, tal como acontece com grande parte do público em geral, quais são os benefícios reais da eficiência energética, que até podem ser alcançados através de pequenos gestos e mediante o uso de ferramentas relativamente baratas e facilmente implementáveis.


Negócios sustentáveis

É sobre o ambiente e a sustentabilidade ambiental que falamos neste especial, abordando temas tão atuais como os efeitos da guerra que está a decorrer na Ucrânia e o que está a ser feito nas empresas e pelas instituições públicas e privadas nesse sentido, incluindo as principais dificuldades e constrangimentos que condicionam a mudança, os objetivos e os diversos caminhos que as empresas têm percorrido, e que ainda têm de implementar, para tornar os seus negócios mais sustentáveis em termos sociais, económicos e ambientais.