O e-commerce é a realidade
Paulo Magalhães, CEO da Tlantic
As fronteiras entre comércio eletrónico e físico estão a esbater-se e darão lugar a um novo retalho
P aulo Magalhães, CEO da Tlantic, empresa tecnológica com clientes como o Grupo Sonae e Pão de Açúcar, Lidl, Rádio Popular, rede comercial Zaffari ou Panvel, na Península Ibérica e no Brasil, considera que não há nenhum retalhista que não tenha hoje presença digital.
O e-commerce é mais que uma tendência do mundo atual?
Essa é a realidade, mas o e-commerce ainda está no princípio, 25 anos depois de nascer. Apesar de se adequar a compras avulsas e planeadas, está longe de um modelo estável para a compra digital de dezenas de artigos, diversos e de valor relativamente baixo. Mesmo nos casos mais bem-sucedidos, o e-commerce alimentar é irrelevante quando medido pela sua proporção nas vendas totais dos retalhistas. Para além disso, requer um enorme esforço logístico e humano com retorno incipiente.
Também porque, entretanto, se conciliou conveniência, isto é, proximidade das lojas físicas, com preço, estas continuarão a ser determinantes no comércio, enquanto espaço de ligação de pessoas, artigos e serviços. Por isso a Tlantic aposta em modelos de retalho que articulam o mundo das lojas com o digital.
Quais são os principais desafios atuais, para uma empresa tecnológica como a Tlantic, de um comércio cada vez mais eletrónico em Portugal e no mundo?
A Tlantic apoia os retalhistas na transformação das suas operações de loja e na comunicação e relacionamento digital com o cliente. Assume o desafio de atuar a partir do chão da loja, com software que agiliza e facilita a sua operação, a gestão das pessoas e as transações e comunicação com os consumidores, onde quer que se encontrem. Conhecer os clientes tornou-se um desafio enorme, que só alguns retalhistas conseguiram aflorar, com custos elevadíssimos.
A Internet nos telemóveis está a promover a segunda grande revolução no retalho: a etiquetagem dos clientes. Estamos todos ainda a experimentar abordagens a este novo paradigma, mas os retalhistas com redes de lojas e vasta experiência na gestão de redes de aprovisionamento e distribuição partem com vantagem na adaptação aos desafios da digitalização.
Ter uma loja online significa ter o nosso negócio aberto ao público 24 horas por dia, em qualquer momento ou lugar. Como é que se assegura esse serviço?
Operar 24 horas por dia é a norma numa cadeia de retalho. O trabalho logístico noturno – de distribuição e arrumação dos artigos nas lojas – envolve muita gente e amplos meios de transporte e de processamento de informação. A tudo isto a loja online acrescenta a atenção ininterrupta com o cliente. Requer que se assegure a continuidade no acesso a toda a informação sobre o catálogo de artigos, precisão sobre o stock disponível e rastreabilidade das encomendas. Sempre.
A Tlantic aposta em modelos de retalho que articulam o mundo das lojas com o digital
Quais são os princípios base de estudo e preparação, implementação e execução de projetos da vossa empresa tendo em conta as especificidades de cada mercado?
Para atuar internacionalmente, a Tlantic estruturou os seus softwares de operação de loja e relação com o consumidor, para permitir a incorporação de aspetos específicos de cada país por simples configuração. Os projetos de implementação e gestão da mudança são sempre feitos com equipas locais da Tlantic ou de parceiros.
Capacidade e competência
“Escolhemos a Tlantic por demonstrar a capacidade e competência necessárias para nos apoiar na adequação das nossas escalas de trabalho às necessidades dos clientes. Com a inteligência dos modelos de previsão e os algoritmos de geração assistida dos horários será mais fácil para a Lidl conciliar os interesses dos colaboradores com os da operação.”
Dionísio Santos, diretor coordenador de IT da Lidl Portugal.