MENU
dossiê promocional
especial saúde | abertura

A transformação digital é uma oportunidade para o sector da saúde

Otimizar a cadeia de fornecimento e distribuição e envolver profissionais de saúde e pacientes no lugar certo e à hora certa é a chave para obter resultados positivos

Texto: José Miguel Dentinho



O coronavírus não teve apenas um efeito devastador na saúde de milhões de pessoas em todo o mundo, também teve repercussões na segurança financeira dos sistemas de saúde de todos os países do mundo e suas unidades de saúde. À medida que as ordens de confinamento estão a ser levantadas, os consultórios, unidades de saúde e hospitais estão a enfrentar o desafio de integrar nos serviços que prestam, de forma segura, os cuidados não-essenciais, processos de seleção dos pacientes e as consultas nas suas instalações. Para além disso, os seus gestores têm de procurar e encontrar estratégias para recuperarem o mais rapidamente possível as perdas financeiras resultantes do período de pandemia.

Sistemas de localização em tempo real

As tecnologias de Internet das Coisas (IoT) da saúde, como os serviços de localização empresarial, têm e continuarão a desempenhar um papel crítico na melhoria da prestação de cuidados aos pacientes e da segurança das equipas. O uso de sistemas de localização em tempo real (RTLS) permite aos médicos localizarem rapidamente equipamentos essenciais, como ventiladores e monitores cardíacos, e outros, como camas, e garante que foram desinfetados antes do uso por novos pacientes. Os líderes dos hospitais podem, em tempo real, aproveitar o mesmo sistema para direcionar pacientes e funcionários expostos a um determinado contágio com base em relatórios de rastreamento de contacto. Além disso, a obrigatoriedade da higiene eletrónica das mãos e o monitoramento da pressão diferencial do ar também podem contribuir para apoiar os esforços de controle da infeção, retardando a disseminação do vírus nos ambientes das unidades de saúde.

Monitorizar e gerir os movimentos de pacientes, visitantes e funcionários num ambiente caótico semelhante ao que se viu nas situações de pico da pandemia é certamente muito difícil. O uso de RTLS para gerir o fluxo de trabalho clínico pode aumentar a eficiência dos departamentos e otimizar os recursos do hospital. Soluções de sala de cirurgia (OR), de serviços de urgência e de fluxo de ambulatório com base em dados precisos de localização podem melhorar os fluxos de trabalho e as comunicações nas equipas, permitindo uma abordagem mais conectada e coordenada no atendimento ao paciente.

O uso de Sistemas de Localização em Tempo Real para gerir o fluxo de trabalho clínico pode aumentar a eficiência dos departamentos e otimizar os recursos do hospital

Novas oportunidades

A aceleração da transformação digital durante a pandemia abriu uma nova era de oportunidades. Segundo Nicolas Monsarrat, diretor administrativo e responsável pelo sector da saúde digital da Accenture Health, “as pandemias são diferentes dos eventos de longo prazo na área de saúde, porque geram necessidades urgentes de respostas para conter o número de vítimas, com impacto nos sistemas de saúde”. Quanto mais rápida for a resposta melhores serão os resultados. “Compreender onde as vacinas são necessárias, por quem e quando, otimizar a cadeia de fornecimento e distribuição e envolver profissionais de saúde e pacientes no lugar certo e à hora certa é a chave para obter resultados positivos”, explicou o responsável ao site Healthcare IT News. Para isso acontecer, os países mais eficientes usam a sua experiência nos canais digitais para recolha de dados e análises, num processo de cooperação digital que inclui organismos e instituições públicas, empresas de todas as dimensões, startups e cidadãos, cooperando através das plataformas digitais e aproveitando todos os dados disponíveis.

As implicações de curto prazo do desafio global causado pela pandemia na área da saúde são evidentes. Mas as suas consequências de longo prazo, incluindo a forma como se irá mover o sector da saúde e as suas prioridades, ainda são difíceis de prever. Para já, a digitalização da sociedade e da economia tem contribuído para uma melhor comunicação e interligação entre os seus diversos agentes, funcionando como alavanca para atenuar as deficiências sentidas de produtos e equipamentos médicos, medicamentos e outros itens necessários para testar e proteger as pessoas em relação à covid-19, e não só. Mas espera-se que os países reavaliem as suas cadeias de fornecimento de medicamentos, equipamentos médicos e suporte de vida e façam pressão para a diversificação de fornecedores e de unidades de fabricação de produtos médicos e farmacêuticos e de equipamentos, para que sejam também estabelecidas a nível doméstico.

A digitalização contribuiu para uma melhor comunicação e interligação no sector da saúde para solucionar as deficiências sentidas de produtos e equipamentos médicos e medicamentos em tempo de pandemia

Investir na prevenção

Será essencial e sábio investir na prevenção, pelo menos em relação a catástrofes de origem semelhante, até porque o mundo será muito mais exigente daqui para a frente. Isso implicará maior eficiência de custos, resultados comprovados para os pacientes e maior contribuição da assistência médica para a experiência geral em toda a cadeia de valor.

A constatação de que os custos económicos de uma pandemia podem ser enormes está a implementar investimentos massivos em investigação e desenvolvimento, para encontrar vacinas, terapêuticas e métodos não-médicos de prevenção. Isto pode significar, para o futuro, que poderão ser evitados muitos mais milhares de milhões de euros de perdas económicas, de vidas e de meios de subsistência de milhões de pessoas pobres em todo o mundo.

O impacto na sociedade portuguesa e mundial da doença salientou diversos problemas de planeamento e gestão de crises nesta área, mas também mostrou deficiências nas cadeias de produção e fornecimento do sector ao nível de medicamentos, equipamentos de proteção e outros. Mais do que mostrarmos o que se passou, algo que é publico e continua a ser incessantemente divulgado pelas organizações do sector e pelos órgãos de comunicação, o que é preciso é definir o que é que as empresas e instituições do sector, dos hospitais públicos e privados à indústria farmacêutica, e todos os outros fornecedores, terão de fazer para que situações de pandemia tenham efeitos menos nefastos e duradouros que a atual.