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Região Centro | entrevista

Um concelho empreendedor

Gonçalo Lopes, presidente da Câmara Municipal de Leiria

Um ecossistema resiliente e dinâmico, constituído por empresas que apostam na inovação para se diferenciarrm nos mercados interno e externos, é uma das bases para o sucesso de Leiria





S egundo Gonçalo Lopes, presidente da Câmara Municipal de Leiria, a pandemia forçou muitas das empresas e instituições da região a repensarem os seus modelos de atuação, aprofundando o grau de digitalização das cadeias de valor e aumentando a sensibilização face à necessidade de adoção de modelos de negócio suportados na indústria 4.0.

Num mercado global cada vez mais competitivo, as empresas precisam de ser mais eficientes, inovadoras, resilientes e empreendedoras. De que forma é que se promove essa forma de encarar os negócios?

A região de Leiria, e o seu concelho em particular, beneficiam de um ecossistema empresarial resiliente e dinâmico, fruto da visão dos empresários e da sua capacidade de antecipar aquilo que hoje é reconhecido como um desígnio nacional: a aposta na internacionalização. Em devido tempo, os nossos empresários perceberam a necessidade de olhar para além do mercado interno. Apostaram na inovação, tecnologia, na formação dos seus recursos humanos e ousaram arriscar em mercados em muitos casos mais competitivos do que o nosso.

Além das características do sector empresarial, que tem como interlocutores privilegiados as associações, o concelho tem no seu ecossistema dois polos tecnológicos em constante intercomunicação: o Politécnico de Leiria e a Startup Leiria. O primeiro, que oferece formação de reconhecida qualidade em áreas tecnológicas, promovendo uma cultura de diversidade, inclusão, empreendedorismo e inovação, integra a Regional University Network, fundada no âmbito da Iniciativa Universidades Europeias. É uma organização que estimula a colaboração e a produção de conhecimento a nível internacional. A Startup visa impulsionar o empreendedorismo, assumindo-se como agente ativo no desenvolvimento, na inovação e no crescimento regional, possuindo vários serviços e projetos para apoiar a inovação, seja aceleração, hosting, inovação social e inovação territorial.

Inovar implica ter novas ideias, desenvolvê-las e aplicá-las, criando novos produtos e serviços que sejam úteis, essenciais e ou valorizados pelos mercados. Mas também procurar, encontrar e estabelecer novos caminhos e achar soluções para problemas e aplicá-las. Inovar é essencial nos tempos que correm?

Inovar foi e será sempre o caminho que garante o futuro das empresas, o aumento da sua produtividade e o desenvolvimento económico de uma região. Mas não se resume ao processo de desenvolver a aplicar novas ideias. Implica também antecipar os problemas e as tendências dos mercados.

Isso ficou bem patente nos anos da crise da dívida soberana, e mais recentemente na resposta da comunidade leiriense à crise pandémica, através da produção e distribuição de equipamentos de proteção individual, tanto para os cidadãos como para hospitais e instituições de solidariedade social. De facto, a pandemia forçou muitas das empresas e instituições de Leiria, como o próprio município, a repensarem os seus modelos de atuação, aprofundando o grau de digitalização das cadeias de valor e aumentando a sensibilização face à necessidade de adoção de modelos de negócio suportados na indústria 4.0.

Hoje, a sustentabilidade dos negócios implica também a diversificação de fornecedores, para evitar situações de escassez causadas por problemas políticos ou de origem natural, e de mercados, para oferta de produtos e serviços. Quais são as principais atividades económicas do concelho de Leiria e quais são os principais mercados dos seus produtos e serviços?

Sem dúvida. Há sempre a necessidade de diversificar e reforçar as carteiras de fornecedores e clientes. É uma máxima da economia. A pandemia mostrou, de forma ainda mais evidente, que não podemos ficar dependentes de um único mercado, como o da longínqua China, por exemplo. É desejável que as necessidades sejam satisfeitas junto de entidades de maior proximidade, nomeadamente da União Europeia. Julgamos que, neste campo, Leiria pode dar um contributo importante, em especial nos sectores mais representativos da nossa atividade, como são os casos do comércio, das indústrias transformadoras, dos serviços e da construção. O principal mercado das empresas do concelho é o comunitário, mas os Estados Unidos e o Brasil também são relevantes.

Inovar foi e será sempre o caminho que garante o futuro das empresas, o aumento da sua produtividade e o desenvolvimento económico de uma região

Há hoje objetivos estabelecidos pela União Europeia para a descarbonização da economia que implicam uma transição energética, que já está a decorrer, sustentada, em parte, numa transição digital, que tem sido também acelerada pelo crescimento do trabalho remoto devido à pandemia de covid-19. Quais os impactos de toda esta mudança nas atividades económicas e sociais de um território como o concelho de Leiria?

Alguns sectores económicos, como a agricultura, silvicultura, pesca, aquicultura e pecuária, mas também as atividades relacionadas com o turismo, como o alojamento, restauração, comércio, serviços de animação, e a produção energética, podem ser afetados diretamente por alterações em variáveis climáticas como a temperatura e a precipitação.

O município de Leiria foi o primeiro a ter um Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, que identifica riscos e aponta medidas de ação para minorar os impactos dos fenómenos climatéricos extremos resultantes do aquecimento global. São indispensáveis, além das medidas de mitigação, como a descarbonização da economia, medidas cautelares que reduzam a exposição aos riscos costeiros, hidrológicos ou de incêndio ou às implicações das ondas de calor, que constituem problemas para a segurança de pessoas e bens. Tendo o concelho de Leiria atividades de consumo energético considerável, como a indústria transformadora, é importante promover a transição energética para energias renováveis.

O município pretende assumir uma mudança de paradigma na mobilidade, incentivando a mobilidade urbana sustentável, por exemplo através do reforço da rede de ciclovias concelhia e do aumento do número de postos de carregamento elétrico disponíveis. Também pretende contribuir para a transição energética através da reconversão da rede de iluminação pública para soluções mais eficientes. Outro objetivo é a descarbonização da indústria e a promoção do uso eficiente de energia limpa, através da dinamização das comunidades de energia renovável. Por último, temos a transição digital, que está a ser feita no município com base no investimento na simplificação e modernização administrativas, através de uma maior utilização das tecnologias da informação e comunicação e do fomento da reconversão de processos para o digital.

O dinamismo económico é fundamental para a criação de riqueza e atração de trabalhadores qualificados. O que é que diferencia e torna mais atrativa a oferta social e económica do concelho de Leiria?

Leiria fez uma aposta estratégica nas áreas da cultura. Possuímos hoje uma rede invejável de património cultural e histórico, que vai dos museus aos teatros e galerias, sem esquecer o castelo, que foi alvo de um grande investimento de requalificação e preservação. Também desenvolvemos uma agenda de atividades e eventos ao longo de todo o ano para os mais diversos públicos.

Somos Cidade Criativa da Música pela UNESCO desde 2019, Cidade Europeia do Desporto 2022 e candidatos a Capital Europeia da Cultura 2027.

Leiria é dos concelhos com maior taxa de empregabilidade e tem conquistado, consecutivamente, lugares cimeiros nos rankings de qualidade de vida das cidades portuguesas. No ano passado teve o melhor desempenho municipal na gestão da pandemia, segundo um estudo de opinião realizado pela DECO Proteste.