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renting & frotas | abertura

Na rota da automação

A transformação digital está a mudar a face da indústria automóvel e, consequentemente, a forma como as empresas gerem as suas frotas e os mecanismos financeiros a que recorrem para agilizar as mudanças que a inovação tecnológica impõe




Aindústria automóvel está cada vez mais associada a tecnologia avançada, a inovações que envolvem a vertente tecnológica, mas também a atividade empresarial e os recursos humanos. Por isso, hoje gerir uma frota empresarial é um trabalho complexo, que envolve muitos parâmetros, muitos deles cada vez mais concertados com questões de sustentabilidade, uma vez que as empresas estão mais atentas e preocupadas com as questões ambientais, com a redução da sua pegada de carbono e a preparar-se para a nova realidade da transição energética. Nos dias que correm, quando se trata de renovar as frotas automóveis, as soluções elétricas são cada vez mais consideradas, mas, a par das questões da sustentabilidade, entram igualmente na equação fatores como os custos de utilização mais reduzidos ou as vantagens fiscais de uma viatura elétrica ou híbrida plug-in.

Seja porque têm de cumprir metas europeias ou normas locais, a transição de veículos com motores a combustão para elétricos é um processo que muitas firmas já estão a implementar nas suas frotas. Um esforço financeiro evidente para muitas delas, muitas vezes ultrapassado com o recurso a mecanismos como o renting, por exemplo. Uma oferta integrada de serviços que tem por base o aluguer operacional de um veículo novo por um determinado prazo e quilometragem. Está sujeito ao pagamento de uma renda fixa, com o cliente a suportar apenas a depreciação da viatura estimada no contrato. O renting inclui todos os serviços necessários ao normal funcionamento e conservação dos veículos, o que o torna numa opção estratégica para muitas empresas conseguirem pôr em prática a transformação das suas frotas. De acordo com a ALF – Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting, em 2021 a taxa de penetração do renting no mercado português era de 13,99%.

A realidade é que em Portugal a falta de renovação do parque automóvel é notória. Ainda recentemente o secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) destacava, num artigo de opinião, que Portugal possui um dos parques automóveis mais envelhecidos na União Europeia. Hélder Pedro explicava que, até novembro de 2023, “a idade média dos veículos automóveis foi de entre sete e oito anos, comparando com quatro anos em 2020”. Apesar deste cenário menos positivo, e que nos coloca na cauda da Europa, a sustentabilidade cada vez mais procurada nos veículos dá uma nota positiva ao sector. Os números revelados pela ACAP mostram que os veículos de energias alternativas aos motores a combustão, na categoria de ligeiros de passageiros, têm um peso de 51,9%. No que aos veículos ligeiros de passageiros elétricos diz respeito, o país está no top 10 da União Europeia, com um total de matrículas de ligeiros de passageiros elétricos de 18,2%, acima da média europeia, que é de 14,6%.

Em 2021, a taxa de penetração do renting era de 13,99%

Inovação marca a atualidade

Apesar da constatação de um parque automóvel envelhecido, as inovações tecnológicas que envolvem o sector automóvel não param e passam também pela futurista possibilidade de sistemas de condução autónoma, a que as frotas empresariais também não deverão escapar. Desenham-se num horizonte não muito longínquo novos modelos de negócio que irão alterar a realidade com que as empresas estão familiarizadas atualmente.

Veja-se o caso do projeto BERTHA (em que participa a empresa portuguesa FI Group Portugal), um programa financiado pela União Europeia que tem como objetivo desenvolver um “modelo comportamental do condutor”, com o objetivo de ser usado em veículos autónomos de forma a torná-los mais seguros e com um funcionamento semelhante ao que são os parâmetros da condução humana. Em suma, pretende garantir segurança nas estradas num cenário de veículos autónomos. Esta iniciativa resulta da necessidade de implementar novas ferramentas na indústria da mobilidade conectada, cooperativa e automatizada (CCAM), instrumentos que permitam a conceção e a análise de componentes de veículos autónomos, juntamente com a sua validação digital, e uma linguagem comum entre os operadores e os fabricantes de equipamentos.

Cluster automóvel investe no sector

Nos últimos tempos, as iniciativas para a dinamização e modernização da indústria automóvel têm-se sucedido e dado passos significativos na transformação digital do sector. A criação do Digital Innovation Hub 4 GLOBAL AUTOMOTIVE é o exemplo da mobilização dos players da indústria com o objetivo de prestar serviços às PME para apoiar a transformação digital da cadeia de valor, quer ao nível do produto quer dos processo, assim como apoiar o posicionamento das empresas e start-ups no futuro da mobilidade.

Considerado como o polo de inovação digital do sector automóvel, o projeto, coordenado pela MOBINOV, junta um vasto conjunto de entidades e empresas, tem um investimento elegível que ascende a seis milhões de euros e conta com apoios públicos de cerca de 4,5 milhões de euros (PRR). Vai realizar de forma colaborativa ações conjuntas e investimentos em áreas-chave e estratégicas: contribuir para a transição energética e ecológica, reduzir as emissões poluentes na indústria, incentivar o desenvolvimento de uma economia circular nos processos produtivos e manter a aposta na investigação e desenvolvimento de mecanismos de propulsão progressivamente menos poluentes.

No Digital Innovation Hub 4 GLOBAL AUTOMOTIVE está em causa o desenvolvimento de conceitos e produtos inovadores para o carro do futuro, apoiando as PME do sector automóvel no desenvolvimento de novas componentes para este automóvel e, principalmente, no apoio às mudanças necessárias nos processos de produção associados à Indústria 4.0 e ao conceito de fábrica do futuro.

Tecnologia e indústria de mãos dadas

A rápida fusão entre a indústria automóvel e a tecnológica está a provocar uma transformação radical que gradualmente está a levar à substituição dos veículos com motores de combustão interna por elétricos e à também substituição dos veículos até agora exclusivamente mecânicos para os que têm sistemas definidos por software cada vez mais complexos. Uma pesquisa recente do Boston Consulting Group (BCG) estima que os veículos cujo valor é maioritariamente definido pelo software e pelo hardware eletrónico (SDV) continuarão a evoluir durante a próxima década. Além disso, prevê que pode gerar um valor potencial de cerca de 650 mil milhões de dólares até 2030, representando 15% a 20% do valor do sector. Da mesma forma, as receitas dos fabricantes de equipamento original (OEM) provenientes do software e da eletrónica automóvel irão quase triplicar até 2030, passando de 87 mil milhões de dólares para 248 mil milhões. Consequentemente, o mercado de fornecedores de software e eletrónica para automóveis irá quase duplicar, passando de 236 mil milhões de dólares para 411 mil milhões.

Com este cenário potencial, não restam dúvidas de que a transformação digital não tem volta atrás. E um exemplo claro desse processo é o facto de a mobilidade elétrica estar definitivamente na agenda das empresas ligadas ao setor automóvel, apesar de em Portugal a percentagem de veículos elétricos ser mais baixa do que média europeia, cerca de 0,9% do total, segundo os dados mais recentes da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA). A referida associação refere também que por cá ainda dominam os carros a gasóleo (58,8%). A seguir surgem os movidos a gasolina (36,5% do total), enquanto os híbridos representam apenas 1,6%.

Números à parte, as atenções das PME e das grandes empresas estão focadas na mudança. Veja-se o caso da Repsol, que recentemente, no âmbito do seu compromisso com a transição energética, comprou uma participação maioritária da miio, uma empresa portuguesa criada em 2019 e que desenvolve a sua atividade no domínio da mobilidade elétrica e oferece soluções de carregamento para veículos, seja de consumidores finais, seja de empresas. Este é apenas um dos exemplos mais recentes de como a utilização de veículos elétricos está a mobilizar todos os players da indústria. No caso, como uma empresa tradicionalmente direcionada para os veículos com motor a combustão se está a adaptar às atuais e futuras necessidades do mercado.

Parlamento Europeu quer camiões e autocarros “mais ecológicos”

No início de fevereiro, os eurodeputados da Comissão dos Transportes e Turismo votaram a revisão das regras do peso e dimensões do transporte rodoviário, de forma a tornar o transporte de mercadorias mais ecológico. A proposta altera os limites de pesos e dimensões aplicados aos camiões e autocarros envolvidos no transporte rodoviário internacional. Os eurodeputados pretendem aumentar o peso e o comprimento máximos dos camiões com emissões zero em quatro toneladas, para compensar o espaço e o peso necessários para instalar baterias ou células de hidrogénio e para fornecer capacidade de carga adicional.

Defendem que esta atualização poderá funcionar como um incentivo para a indústria dos transportes mudar para veículos mais ecológicos, uma vez que a capacidade de carga adicional tornará os camiões e autocarros com emissões zero mais competitivos do que as alternativas convencionais. Além disso, os eurodeputados advogam também que a instalação de tecnologias com emissões zero não deve ser feita à custa de espaço de cabina, que reduziria o conforto do condutor.

Sob certas condições, os países da União Europeia (UE) podem ainda permitir a circulação de megacamiões, que são mais longos e mais pesados do que os limites da UE, e caso os Estados-membros pretendam adicionar novas estradas nas quais sejam permitidos megacamiões, deverão fazer uma avaliação prévia sobre o impacto disso na segurança rodoviária, nas infraestruturas, na cooperação modal e no ambiente. Os eurodeputados sugerem a criação de um rótulo da UE sobre o comprimento dos referidos veículos e a Comissão deve criar um portal Web com informações sobre os limites de peso e comprimento aplicáveis em cada país e quais as estradas acessíveis a megacamiões.

Este projeto de lei faz parte de um pacote de propostas para tornar os transportes de mercadorias na UE mais ecológicos. Os camiões e os autocarros são responsáveis por 28% das emissões de gases com efeito de estufa do transporte rodoviário e por 34% das emissões de óxido de azoto do transporte rodoviário.

O comité também pretende ver uma aplicação mais robusta das regras da UE, sugerindo que os Estados-membros criem sistemas de controlo automático ao longo das principais estradas da UE para verificar se os camiões e autocarros cumprem os limites de peso e dimensão. Estas propostas dos eurodeputados serão votadas na próxima sessão plenária, prevista para este mês, e o processo será acompanhado pelo novo Parlamento, após as eleições europeias de 6 e 9 de junho.