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O futuro da saúde após a pandemia

A Covid-19 mostrou ao mundo algumas fragilidades nas cadeias de fornecimento do sector da saúde. Como é que isso o irá transformar e afetar o seu desenvolvimento?

Texto: José Miguel Dentinho



A pandemia causada pelo novo coronavírus criou uma rutura sem precedentes na comunidade global da saúde e desenvolvimento. As organizações que protegem a saúde das pessoas, combatem doenças infecciosas, apoiam os trabalhadores do sector e fornecem-lhes serviços tornaram-se o centro das atenções. Mas também viram o seu trabalho a ser dificultado por problemas de acesso a condições seguras para o desempenho das suas funções, incluindo equipamentos de proteção, devido a deficiências nas cadeias de produção e fornecimento.

As implicações a curto prazo deste desafio global são evidentes. Mas as consequências a longo prazo da pandemia, incluindo a forma como se irá mover o sector da saúde e as suas prioridades, ainda são algo difícil de imaginar. Para já, parece evidente que as deficiências sentidas de produtos e equipamentos médicos, medicamentos e outros itens necessários para testar e proteger as pessoas em relação à Covid-19 levarão os países a reavaliar as suas cadeias de fornecimento de equipamentos médicos e suporte de vida. Isto aumentará a tendência de cada país fabricar produtos médicos e farmacêuticos e equipamentos a nível doméstico, mesmo aqueles que não tenham ainda indústria nessa área.

A tendência de cada país fabricar produtos médicos e farmacêuticos e equipamentos a nível doméstico, mesmo aqueles que não tenham ainda indústria nessa área, deverá crescer

Custos económicos

A constatação de que os custos económicos de uma pandemia podem ser enormes deverá levar a que sejam feitos muitos milhares de milhões de euros de investimentos em investigação e desenvolvimento, para encontrar vacinas, terapêuticas e métodos não médicos de prevenção. Isto pode significar para o futuro que poderão ser evitados muitos mais milhares de milhões de euros de perdas económicas, de vidas e de meios de subsistência de milhões de pessoas pobres em todo o mundo.

Para já, a Organização Mundial de Saúde (OMS) está a fortificar as suas ligações ao Banco Europeu de Investimento (BEI) através do estabelecimento de uma parceria que visa robustecer os sistemas públicos de saúde e o fornecimento de equipamento essencial. Mas também melhorar a formação na área e aumentar os investimentos em higiene e saneamento nos países mais vulneráveis à pandemia de Covid-19. Esta parceria entre a agência de saúde das Nações Unidas e o maior banco público mundial, anunciada recentemente, contribuirá para melhorar a resiliência dos sistemas de saúde, reduzindo o impacto social e na saúde da população de futuras emergências médicas. “Combinar a experiência na área da saúde pública que a Organização Mundial de Saúde possui com o conhecimento financeiro do Banco Europeu de Investimento irá contribuir para uma resposta mais efetiva à Covid-19 e a outros desafios para a saúde pública”, disse Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, na cerimónia de estabelecimento da parceria.

O apertado ambiente regulador do sector farmacêutico é e continuará a ser um desafio

Envelhecimento demográfico

Em 2050 deverá haver cerca de dois mil milhões de pessoas com mais de 60 anos em todo o nosso planeta. Com o envelhecimento demográfico, irá aumentar, em paralelo, o número de prescrições de medicamentos, aparelhos dentários e auditivos, próteses e outros, e, com isso, o volume de negócios das empresas que os fornecem.

Mas o mundo será muito mais exigente daqui para a frente. Isso implicará maior eficiência de custos, resultados comprovados para os pacientes e maior contribuição da assistência médica para a experiência geral em toda a cadeia de valor.

As empresas farmacêuticas que prestarem mais atenção àquilo que os prestadores de cuidados de saúde, as empresas e instituições que pagam, como companhias de seguros e outras organizações, e os pacientes pedem poderão lucrar mais com o crescente mercado mundial de cuidados preventivos.

O apertado ambiente regulador do sector farmacêutico é e continuará a ser um desafio, e não se vislumbra que fique mais claro e fácil no futuro. Uma alternativa aos regulamentos que condicionam a publicidade massificada neste sector poderá ser o aproveitamento dos canais de marketing, mais focados nos relacionamentos, menos tradicionais, mas talvez mais alinhados com um novo ambiente futuro, que ligará pacientes, prestadores de cuidados de saúde e pagadores, e terá resultados baseados em valores e na prevenção de doenças crónicas, por exemplo. Poderá usar a Internet como ferramenta de colheita de informações e de marketing especializado, direcionado aos pacientes certos.

Impacto na sociedade

O impacto na sociedade portuguesa e mundial da doença salientou diversos problemas de planeamento e gestão de crises nesta área, mas também mostrou deficiências nas cadeias de produção e fornecimento do sector, ao nível de medicamentos, equipamentos de proteção e outros. Mais do que mostrarmos o que se passou, algo que é publico e tem sido incessantemente divulgado pelas organizações do sector e pelos órgãos de comunicação, o que é preciso é definir o que é que as empresas e instituições do sector, dos hospitais públicos e privados à indústria farmacêutica e todos os outros fornecedores, terão de fazer para que situações de pandemia tenham efeitos menos nefastos e menos duradouros que a atual.