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Quase metade da Europa em teletrabalho

Em Portugal, o estudo realizado pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho diz que cerca de 40% das pessoas estavam a trabalhar a partir de casa





O s resultados mais recentes de uma pesquisa efetuada pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (Eurofound), feita com base em cerca de 90 mil inquéritos realizados no formato digital, mostram que 48% dos inquiridos estavam a trabalhar remotamente pelo menos uma parte do tempo. De entre estes, mais de um terço estava a fazê-lo a partir de casa.

Daqueles que trabalharam remotamente durante a crise pandémica, mais de metade (54%) já o tinha feito anteriormente, enquanto 46% eram novos teletrabalhadores.

Crescimento lento

Segundo a União Europeia, a incidência do teletrabalho cresceu lentamente nos 10 anos anteriores ao início da pandemia de covid-19. Na verdade, apenas 5,4% dos empregados na UE-27 trabalhavam geralmente a partir de casa em 2019, uma parcela que tinha permanecido mais ou menos constante desde 2009. No entanto, a percentagem de pessoas que passaram a trabalhar parcialmente a partir de casa foi crescendo, entre os 5,2% de 2009 e os 9% de 2019. Esta fatia era mais significativa entre os trabalhadores por conta própria do que os por conta de outrem.

Segundo o Eurofound, a proporção de pessoas a trabalhar exclusivamente em casa no ano passado variava de forma significativa entre os Estados-membros. A Bélgica, onde mais de 50% das pessoas estavam a fazê-lo, era o país com a percentagem mais elevada de teletrabalhadores. Seguiam-se a Irlanda, Itália, Espanha e França. Portugal surgia em sexto lugar, com quase 40% de teletrabalhadores em casa, seguido logo de perto pela Dinamarca. Com percentagens inferiores à média europeia, mas levemente superiores a 20%, estavam a Grécia, Finlândia e Alemanha, enquanto na Croácia, Polónia, Eslováquia, Bulgária e Hungria apenas um quinto dos trabalhadores trabalhava a partir da sua residência.

Segundo a Eurofound, a maioria (74%) das pessoas que trabalhava a partir de casa tinha qualificação superior e pertencia ao sector dos serviços. Os da chamada linha da frente, como a saúde, transportes e agricultura, em conjunto com os dos sectores mais afetados pelas restrições resultantes da pandemia, como o comércio, restauração e alojamento, foram aqueles que tiveram menos percentagens de teletrabalhadores.

Numa altura em que milhões de trabalhadores na Europa e em todo o mundo ainda estão em teletrabalho durante a pandemia de covid-19, a Comissão Europeia destaca, no seu site, o seu importante papel na preservação de empregos e da produção no contexto da crise pandémica.

O mundo não será o mesmo

Segundo destaca Jon Messenger, especialista em condições de trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental das Nações Unidas, esta experiência, que ocorre em circunstâncias excecionais, mudará o jogo. Para o especialista, não há dúvida de que o teletrabalho forçado ajudará a quebrar a resistência existente nas organizações e empresas para permitirem o trabalho fora do escritório.

É verdade que existem condicionantes. A supervisão dos trabalhos e a avaliação do desempenho dos colaboradores são duas das grandes dificuldades das empresas com o teletrabalho. Para além disso, quando as equipas são compostas por trabalhadores remotos dispersos por diferentes localizações, que, muitas vezes, nunca têm contacto presencial uns com os outros, é difícil estabelecer uma cultura forte e uma coesão entre todos, essenciais para alcançar ou superar objetivos em prazos definidos. E como nem todos os colaboradores estão preparados para o teletrabalho, as empresas têm de preparar o caminho, formando-os sobre a forma de gerir este método de trabalho, para que possa ser implementado com facilidade e para que o trabalho do dia a dia decorra e se desenvolva como habitualmente. Mas se os problemas existem, as soluções também estão aí. É preciso é implementá-las, porque o mundo não voltará a ser o mesmo depois da pandemia.