MENU
dossiê promocional
especial teletrabalho | opinião

A importância da Data Science para o Teletrabalho

Guilherme Ramos Pereira, diretor executivo da Data Science Portuguese Association (DSPA)

O modo como se usam os dados para gerar conhecimento é cada vez mais importante para as organizações e as suas pessoas





A importância da data science e da inteligência artificial é uma realidade com impacto na vida das pessoas e das empresas e, por inerência, na economia e na sociedade. Sendo inúmeras as suas definições, data science pode, neste contexto, ser caracterizada como o modo como as organizações geram conhecimento para a sua atividade, fazendo “ciência” com base em dados.

Com recurso a técnicas e ferramentas, para além do senso comum e do conhecimento sobre os processos e o negócio, os dados podem ser tratados e convertidos em informação que suporta qualquer processo de tomada de decisão. No fundo, é o que sempre foi feito pelas pessoas e pelas empresas, agora num ritmo cada vez mais vertiginoso. Quando os colaboradores e as organizações passam a trabalhar em modo remoto, a data science é transportada para essa realidade.

Para os trabalhadores, o impacto ou benefício é muito indireto, ou mesmo colateral, acontecendo o contrário nas organizações. Os primeiros têm comportamentos, hábitos e preferências muito diferentes quando estão em modo de trabalho remoto, o que foi evidenciado de forma drástica nos tempos mais recentes, devido à pandemia que a todos afeta.

As empresas têm sentido dificuldade em garantir a agilidade e a flexibilidade necessárias para acompanhar as mudanças. É aqui que a data science assume um papel fulcral. Se os benefícios são evidentes nas empresas, com processos suportados na inteligência complementar, a grande maioria sente mais dificuldades na transição e adaptação a este novo caminho, aquele que tem de ser percorrido.

Mais de 40% dos trabalhadores pretendem procurar alternativas de emprego em organizações que permitam o trabalho remoto

Veja-se o exemplo das empresas de retalho. A data science e a inteligência artificial são ferramentas de suporte cada vez mais insubstituíveis para a procura e previsão da procura de bens essenciais (e outros) e para a otimização das cadeias logísticas face a esta alteração tão profunda dos hábitos de consumo das pessoas. Mas a grande maioria das empresas de retalho não estava preparada para o impacto que a pandemia lhes imputou. Falamos, pois, de um círculo vicioso da data science e da inteligência artificial ao serviço das pessoas e das empresas que foi acelerado devido à pandemia ter provocado a transformação da sociedade e da economia. Numa outra dimensão, as alterações na forma de consumir dos indivíduos provocaram um aumento muito significativo do comércio eletrónico, que trouxe oportunidades a novos tipos de empresas e modelos de negócio e, paralelamente, graves problemas ao nível do cibercrime e de fraudes, que a todos impactam. A data science e a inteligência artificial voltam, também aqui, a ter um papel fulcral na prevenção do crime de fraude e na blindagem de ataques às plataformas de pagamentos, entre outros domínios.

A data science e a inteligência artificial têm também permitido observar e analisar indicadores da performance dos trabalhadores a nível individual e das equipas e da performance específica e global das organizações, um território novo e complexo na gestão das próprias organizações.

Alguns resultados de inquéritos de larga escala sugerem que quase três quartos dos trabalhadores querem que os modelos de teletrabalho ou híbridos passem a ser a prática. Além disso, mais de 40% dos trabalhadores globais estão a considerar procurar alternativas de emprego em organizações que permitam o trabalho remoto. Se considerarmos ainda que o volume de ofertas de trabalho em formato remoto publicadas no LinkedIn se multiplicou por cinco nos últimos 12 meses, então é facilmente expectável que novas soluções e sistemas baseados em capacidade analítica e inteligente venham a surgir. Serão essenciais como facilitadores da gestão das organizações e, sobretudo, da capacitação do próprio fenómeno do teletrabalho.