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especial teletrabalho | entrevista

Desafios de liderança

Liliana Silva, diretora da Recursos Humanos da Milestone

Liderar à distância exige aos líderes investirem mais tempo na gestão das pessoas das suas equipas, para garantir a proximidade e a manutenção de uma comunicação fácil e fluida, essenciais ao foco e empenho no trabalho





P ara Liliana Silva, diretora de Recursos Humanos da Milestone, empresa que atua na área dos sistemas de informação, com mais de 130 colaboradores, “é importante para manter a confiança de colaboradores, que são cada vez mais digitais, melhorar a sua experiência de forma o mais humanizada possível, para que consigam enfrentar os desafios e transformá-los em grandes oportunidades”, acrescenta.

O trabalho remoto veio para ficar?

O teletrabalho imposto pela pandemia trouxe consigo a necessidade de mudanças estruturais para mantermos a produtividade e garantirmos a saúde e integridade física e emocional das nossas pessoas, mas também trouxe novas formas de pensar o trabalho.

No futuro, o contexto de trabalho irá assentar num modelo híbrido, presencial e remoto, que irá alterar o propósito do escritório. Este deixará de ser o local de trabalho para passar a ser um espaço que privilegiará a colaboração, criatividade e, sobretudo, a socialização e os momentos de partilha entre equipas, que serão essenciais para manter uma cultura organizacional forte.

No futuro, o contexto de trabalho irá assentar num modelo híbrido, presencial e remoto, que irá alterar o propósito do escritório

Quais são os principais benefícios e condicionantes do teletrabalho para as empresas e as suas pessoas? Como é que se podem resolver as dificuldades?

São vários os benefícios associados ao teletrabalho, tais como um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, menor stress e redução de custos em deslocações, independência de localização geográfica, melhor qualidade de vida e maior sustentabilidade. Surgem também novas oportunidades, entre as quais a possibilidade de chegar a outros mercados geográficos mais facilmente.

Em contraponto, são também várias as desvantagens deste modelo. Pode verificar-se um maior isolamento, tendência para trabalhar mais horas, dificuldade de adaptação ou criação de novas rotinas, bem como uma maior probabilidade de conflito entre o trabalho e a família.

Para as empresas, aumentam os desafios para manter a produtividade, conservar a cultura e promover um ambiente de trabalho física e psicologicamente saudável. A comunicação formal e informal ganha relevo como ferramenta para ultrapassar os obstáculos e deve passar a ser mais regular, próxima e transparente. Cabe às empresas promoverem momentos de interação e socialização entre as pessoas, não só como forma de reduzir o isolamento, mas também para reforço da sua cultura.

A definição das estratégias de gestão dos recursos humanos deverá ter como base uma avaliação prévia para identificar fatores de risco e de proteção das pessoas, com o objetivo de implementar práticas em consonância. Como é preciso que a proximidade emocional se mantenha, apesar de estarmos fisicamente distantes, é necessário auscultarmos, formarmos, acompanharmos, apoiarmos, reconhecermos e valorizarmos as nossas pessoas, seja em contexto presencial ou remoto. Mas não seria já isto que era esperado da gestão de pessoas antes da pandemia?

Hoje há muitos profissionais a trabalhar a partir de casa. O que é que se passa habitualmente na Milestone neste campo e o que mudou com esta crise?

Estamos em teletrabalho desde março de 2020. Apenas fazemos deslocações bastante esporádicas a clientes quando é impossível desenvolver projetos ou fazer intervenções de forma remota. O modelo deverá manter-se até ao final do ano e o regresso à nova normalidade, que é o modelo híbrido, decorrerá de forma gradual e sustentada, para garantir a segurança das nossas pessoas, clientes e parceiros.

Quando surgiu o contexto atual, resultante da pandemia, adaptámos a nossa estratégia de recursos humanos. Redefinimos o plano de comunicação interna, ajustámos as ações de engagement e o plano de formação em termos de formato, duração e temáticas. Os nossos processos de recrutamento passaram a ser remotos e a visita dos novos colaboradores ao escritório foi substituída por uma visita à nossa intranet e um café virtual com a equipa.

Há coisas que não mudam na gestão das pessoas, enquanto seres racionais com necessidade de reconhecimento, valorização e pertença

Gerir equipas em tempos de pandemia, e à distância, traz desafios acrescidos às lideranças. Quais são os dos líderes da empresa?

Liderar à distância exige aos líderes um maior investimento nas suas equipas. É necessário estarem mais alerta para identificarem sinais mais discretos que podem estar encobertos neste contexto e investirem mais tempo na gestão das pessoas, para garantir que a proximidade e o feedback regular se mantêm. Outro aspeto que os líderes precisam de ter em conta é o seu potencial para contagiar emocionalmente as suas equipas. Quando é positivo, gera produtividade, confiança e compromisso. Quando é negativo, pode originar medo, angústia e desconfiança.

A vida das organizações também é feita de crises e as crises podem constituir oportunidades. Quais são as oportunidades geradas pela crise atual para a Milestone?

A crise pandémica aumentou a urgência da transformação digital no mercado, originando uma maior procura dos nossos serviços e soluções enquanto parceiro tecnológico. Permitiu-nos ainda implementar processos já planeados, acelerando a nossa transformação digital.

Definitivamente, o mundo mudou. Os negócios estão a transformar-se e todos nós estamos a aprender o “novo normal”. No entanto, há coisas que não mudam na gestão das pessoas, enquanto seres racionais com necessidade de reconhecimento, valorização e pertença. Cabe-nos transformar as práticas existentes ou introduzir novas que deem resposta a estas necessidades. É importante para manter a confiança de colaboradores, que são cada vez mais digitais, melhorar a sua experiência de forma o mais humanizada possível, para que consigam enfrentar os desafios, e transformá-los em grandes oportunidades para o futuro.

Somos seres adaptáveis

“Não há compensação que pague a hora de andar de bicicleta com o meu filho depois da escola e do trabalho, algo quase impossível para quem reside em Setúbal e trabalha principalmente em Lisboa. A descentralização melhorou a qualidade da minha vida pessoal e profissional, aumentando a minha entrega e produtividade. A Milestone tomou medidas nesse sentido desde o início, promovendo o teletrabalho e disponibilizando-se para qualquer esclarecimento ou apoio. Sendo a comunicação essencial, tudo se faz e é passível de ser discutido remotamente, existindo uma panóplia de aplicações para resolver as condicionantes, com mais ou menos adaptação. Mas é isto que nós somos: seres adaptáveis! Foi esta característica que promoveu e continua a promover a nossa evolução enquanto espécie.” Carlos Murta, consultor analytics da Milestone.