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DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA PANDEMIA

O que se espera de um líder em tempos de crise?

Pedro Amorim, Managing Director Experis e Corporate Clients Director do Manpower Group

É em momentos como este que os melhores emergem, mostrando que são capazes de agir, comunicar com clareza e agregar as pessoas

Gerir equipas em tempos de pandemia, e à distância, traz desafios acrescidos às lideranças. Garantida a saúde e segurança de todos, a principal prioridade dos líderes é manter os colaboradores motivados e produtivos, de forma a assegurar a continuidade dos negócios. Para cumprir este requisito precisam de ter em conta o peso dos dias em confinamento e de uma jornada de trabalho muitas vezes dividida entre o escritório em casa, a sala de aulas improvisada dos filhos e a bancada da cozinha.

A tão ambicionada one life, onde trabalho e casa estão interligados, chegou de rompante e desenrola-se agora num único espaço, à vista de todos por videoconferência. Mais do que nunca, os colaboradores procuram junto das chefias quem lhes sirva de exemplo e lhes dê orientações para ultrapassar este teste.

Alguns líderes estarão organicamente mais aptos para lidar com este contexto, mas há características que fazem a diferença. A literatura existente sobre a liderança em tempos desafiantes, resultado de pesquisas e estudos, é unânime na identificação de três recursos chave para liderar com eficácia em momentos de crise: conseguir manter vínculos e uma conexão forte com os outros, ser credível e capaz de incutir confiança e ter agilidade intelectual e inteligência na tomada de decisões.

O primeiro recurso estabelece-se através de uma comunicação clara, franca e direta com os outros, acompanhada da disponibilidade para ser empático e ouvir. É verdade que não existe uma receita que funcione com todos os elementos da equipa, mas a capacidade de o líder estar atento para perceber os contextos e estados de espírito é uma virtude que tem agora uma importância ainda maior.

Liderar implica também contar com a confiança dos outros, sejam eles superiores, pares ou subordinados. Nenhum líder poderá fazer face a uma crise se não for credível e contar com essa confiança. E a credibilidade constrói-se, em grande medida, através da demonstração de capacidade para tomar decisões eficazes e corajosas mesmo em situações de liderança volátil. É nestes momentos, quando é necessária a coragem para tomar decisões difíceis, que os melhores líderes emergem, sendo capazes de agir, comunicar com clareza e agregar.

Estes são também momentos em que devem provar que são intelectualmente ágeis, mostrando a sua capacidade para ter um pensamento crítico e eficaz, conseguindo fazer sentido em contextos complexos e aprendendo rapidamente.

Vivemos hoje num mundo gerido por dados e pela sua análise, onde a capacidade de tomar decisões factuais e lógicas ganha ainda maior importância. Ao mesmo tempo, essa inteligência implica também uma maior capacidade para aprender e adaptar-se a novas situações, que é tão necessária hoje em dia.

Uma pesquisa do Hoppner Management Research Group sobre liderança em tempos incertos, realizada após a crise financeira de 2008 e atualizada regularmente, identifica comportamentos que podemos trabalhar para desenvolver cada um dos recursos chave que enumerei. Destaca a empatia, o entusiasmo e a clareza na comunicação. Inclui também a abordagem estratégica, acompanhada da capacidade de gestão a curto prazo com foco no cumprimento de planos, e a abertura para a inovação com base na expertise e no conhecimento, para análise e tomada de decisões.

Enquanto o mundo, ainda cheio de incertezas, combate a Covid-19, há um dado que podemos dar como adquirido: a vida das organizações também é feita de crises e as crises são sempre oportunidades. Cabe aos líderes enfrentar o momento atual com coragem, integridade e espírito de aprendizagem. O que aprendermos agora e nos próximos meses vai seguramente ajudar a moldar o futuro do trabalho e a impulsionar a inovação em muitas áreas de negócio.