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ambiental | ABERTURA

Um futuro mais sustentável

As empresas devem continuar a procurar perceber qual a sua exposição aos riscos causados pelas mudanças climáticas e a estabelecer formas de diminuir as suas emissões e a sua pegada ecológica, ao mesmo tempo que mantêm a sustentabilidade dos seus negócios

Texto: José Miguel Dentinho



A sustentabilidade tem-se tornado ao longo dos anos num fator cada vez mais importante e uma prioridade política para muitos países e organizações. A tendência surgiu em resposta ao descontentamento público em relação aos danos de longo prazo causados pelo foco das empresas nos lucros de curto prazo. Há cada vez mais informações e dados sobre este tema e tem crescido o interesse das empresas sobre normas sustentáveis ambientais, sociais e de governança. Estes padrões são empregues para sustentar decisões tomadas por investidores, fornecedores e consumidores e têm contribuído para aumentar a importância da boa gestão, medição e comunicação dos esforços feitos em favor da sustentabilidade. As empresas usam-nos para medir o seu impacto ético e desempenho não-financeiro.

Retornos mais sustentáveis

As mudanças climáticas, a crescente escassez de água doce e o aumento significativo da poluição dos oceanos levaram os governos de uma parte significativa das nações mundiais a estabelecerem legislação e regulamentos a favor de uma economia mais sustentável. Claro que a consciencialização pública, que tem aumentado graças, em parte, ao fluir da informação que a internet permite, também tem dado o seu contributo nesse sentido. Tudo isso tem levado as empresas, desde os grandes conglomerados internacionais às mais pequenas, a procurarem, de forma mais ou menos ativa, modos de gerar retornos de forma mais sustentável.

O pensamento e as ações sustentáveis são lógicos e deviam de ter sido usados desde sempre. O que é que implicam? A concentração nas necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às suas em termos económicos, ambientais e sociais. É por isso que as organizações assumem cada vez mais compromissos públicos em relação à sustentabilidade ambiental, incluindo a redução das suas emissões de gases com efeito de estufa e a diminuição da deposição de resíduos, com base numa economia cada vez mais circular, para além do investimento em fontes renováveis para suprir as suas necessidades energéticas e o apoio a organizações que trabalham por um futuro mais sustentável. Tudo porque o mundo precisa mesmo de reduzir para metade as emissões globais de carbono até 2030 e fazê-lo novamente até ao final da década seguinte. E deve cumprir os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, modelo global acordado por 193 países para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos e, claro, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas.

Ativos de risco ambiental

De acordo com o Standard & Poor’s (S&P) Global Trucost, que avalia os riscos relacionados com as mudanças climáticas, o decréscimo dos recursos naturais e fatores ambientais, sociais e de governança desde 2000, quase 60% das empresas no S&P 500 (que representam uma capitalização de mercado de cerca de 15,5 biliões de euros) e mais de 40% das empresas no S&P Global 1200 (com uma capitalização de mercado próxima dos 23,5 biliões de euros) possuem ativos que constituem um risco elevado de causarem inundações, secas, incêndios florestais, ondas de calor e outros eventos climáticos extremos.

Claro que não vamos pensar em fatalismos e que tudo irá correr mal, até porque já há muita coisa a ser feita para baixar as emissões de gases com efeito de estufa e outros e diminuir a tendência de aquecimento global, por exemplo. Mas as empresas devem continuar a procurar perceber qual a sua exposição aos riscos causados pelas mudanças climáticas e a estabelecer formas de diminuir as suas emissões e a sua pegada ecológica, ao mesmo tempo que mantêm a sustentabilidade dos seus negócios.

A pressão do sector financeiro tem sido um dos principais vetores da transição energética, com grande impacto na evolução das tecnologias de descarbonização. E será um grande motor junto das empresas para estas se envolverem nas soluções. Por outro lado, o crescimento do investimento sustentável está a impulsionar a inovação nas instituições financeiras, que procuram expandir a sua oferta neste campo para ir ao encontro das necessidades dos clientes. Mas este sector precisa de continuar a rever a sua avaliação dos riscos, para considerar as mudanças climáticas e direcionar os investimentos para mitigar danos e construir resiliência. A ONU estima que um investimento anual de 5,2 mil milhões de dólares em gestão de risco de desastres pode economizar cerca de 309 mil milhões de dólares nos próximos 15 anos.

A transição energética

A evolução do sector da energia em direção a uma oferta de baixo nível de emissões de carbono é essencial à sustentabilidade do nosso planeta. A transição energética é também um dos maiores desafios da humanidade. É um trabalho que tem de ser feito por todos e implica uma mudança de mentalidades, que já começou mas ainda está longe de abranger toda a gente. Inclui, para além da transição energética da economia e das suas instituições e empresas, a mudança na forma como tratam os seus resíduos e/ou os reciclam e a maneira como envolvem toda a sua cadeia de valor, dos fornecedores ao cliente final, na sua aposta no verde.

É sobre sustentabilidade que estamos a tratar neste especial, falando do que está a ser feito nas empresas nesse sentido, incluindo as principais dificuldades e constrangimentos que condicionam a mudança, os principais objetivos e os diversos caminhos que as organizações têm percorrido e ainda têm de empreender para tornar os seus negócios mais sustentáveis em termos sociais, económicos e ambientais.