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formação de executivos | ENTREVISTA

“As formações enriquecem o capital de conhecimento”

Mário Ceitil, formador, professor universitário e presidente da mesa da assembleia-geral da APG – Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas

Será que o impacto da formação executiva na vida profissional, e no próprio tecido empresarial, é verdadeiramente significativo? Questionámos Mário Ceitil, formador, professor universitário e atualmente presidente da mesa da assembleia-geral da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), sobre esta e outras questões. O balanço é claramente a favor da aprendizagem como um “ativo importante”.





Quais os benefícios que a formação executiva pode trazer à vida profissional de um empresário/gestor e às empresas?

Além de outras competências que são hoje imperativas, há duas que sobressaem pelo seu importantíssimo valor instrumental enquanto alicerces e alavancas para o progresso pessoal: aprender a aprender e humildade. Progredir nas aprendizagens é realmente um imperativo de sucesso para os executivos e quadros das nossas empresas, que têm de desenvolver uma nova business intelligence para responderem aos novos desafios. E como os cérebros humanos funcionam tendencialmente “em modo de poupança de energia”, conduzindo-nos muitas vezes a persistir em práticas mais “habituais”, há que ter a tenacidade e a determinação para conseguirmos agir para incorporarmos o novo e o diverso, porque só com novos processos, novos métodos e, sobretudo, novos mindsets poderemos acompanhar e liderar os (sobre)saltos do progresso. E isso leva-nos à segunda competência que mencionei: a humildade, que, no fundo, consiste em aceitarmos a inevitabilidade de não sabermos tudo e termos, em consequência, necessidade de aprender. A formação de executivos nasce precisamente desta necessidade de apetrechar os executivos das empresas com novas ferramentas cognitivas, emocionais e técnicas para agirem num mundo em mudança acelerada.

Acresce que este tipo de formações tem hoje um amplo reconhecimento e notoriedade nos meios empresariais, pelo que se torna elemento importante no currículo dos profissionais, que com estas formações enriquecem muito tanto o seu capital de conhecimento como o seu “capital psicológico”.

Um profissional com formação executiva pode ser um melhor profissional?

Tendo em referência a natureza “teórico-prática” deste tipo de formações, um profissional pode de facto encontrar aqui um importante ambiente de aprendizagem, que pode contribuir de forma substantiva para tornar a sua “proposta de valor pessoal” mais sustentada e atrativa.

O problema está, todavia, quando o currículo é sentido como a motivação mais importante para a frequência do curso. Se assim for, podemos ter algum défice de aproveitamento neste tipo de participantes.

É que educar, como propunha Lao-Tsé, “não consiste em encher um copo vazio, mas em acender um fogo latente”. E é exatamente o crepitar desse fogo latente que distingue os high performers daqueles que são apenas “suficientemente bons para não serem despedidos”.

Em Portugal, a formação executiva existente e as business schools cumprem os objetivos?

A formação executiva evoluiu muito em Portugal e temos já algumas escolas muito bem posicionadas nos rankings internacionais, o que, do meu ponto de vista, já são duas referências importantes para sustentar uma afirmação de que já se faz muito boa formação de executivos em Portugal. No entanto, muitas das formações que ainda se fazem continuam a ser pouco “ousadas” no que respeita às metodologias e aos enquadramentos organizativos. Se um dos principais objetivos deste tipo de formações é promover paradigm shifts nos participantes, julgo que deveríamos ousar arquiteturas mais desafiantes e “provocatórias”, fazendo, por exemplo, recurso a técnicas baseadas em contributos recentes das neurociências.

Formação online ou presencial: qual o futuro?

Julgo que a formação presencial, nos moldes em que ainda se processa, terá os dias contados. A utilização do online generalizou-se muito com a pandemia e gerou o efeito “Coca Cola” tão sugestivamente descrito por Fernando Pessoa: “Primeiro estranha-se e depois entranha-se.” Neste momento, são os modelos híbridos que fazem o seu caminho, mas estou convencido de que o presencial, em modalidades mais “experienciais” e/ou mais individualizadas, irá registar novos e mais criativos desenvolvimentos. É que as pessoas também estão já cansadas do high tech e low touch. Julgo que iremos progredir para uma melhor sinergia entre as duas modalidades.