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especial Ambiente pós-Covid-19 | CASOS DE SUCESSO

País deve apostar na biodiversidade

Lília Costa, administradora da Ecorede

A substituição da monocultura de eucaliptos e pinheiros poderá contribuir para diminuir os prejuízos económicos e humanos provocados pelos incêndios, diz Lília Costa, administradora da Ecorede





Opaís deveria apostar na substituição de grande parte das monoculturas de pinheiros e eucaliptos, mais suscetíveis ao fogo, por áreas florestais dominadas por espécies mais resistentes, como os vários carvalhos indígenas ou o medronheiro. É essa a convicção de Lília Costa, administradora da Ecorede, empresa que se dedica à prestação de serviços principalmente ao nível da silvicultura. No caso particular da última espécie, que gera um fruto com grande potencial comercial pela diversidade de produtos que podem ser produzidos a partir dele, “é um corta-fogo muito eficiente, reduzindo a velocidade do fogo”. É também “das plantas que se regenera mais rapidamente depois da sua passagem, voltando a produzir em dois a três anos”, explica Lília Costa, salientando que “assim conseguiríamos minimizar os enormes prejuízos económicos e humanos dos incêndios e, simultaneamente, aumentar o valor em biodiversidade do território”. A Ecorede contribui para isso através dos projetos de reconversão que tem desenvolvido para clientes como a Rede Elétrica Nacional (REN).

Restabelecimento de florestas

A empresa dedica-se, entre outros, ao abate e poda de árvores, para assegurar o distanciamento de segurança em relação aos cabos elétricos que atravessam o território nacional, e a trabalho de manutenção florestal para defesa não só dos recursos florestais, como também de pessoas e bens. Também faz o restabelecimento de florestas afetadas por doenças e pragas ou devastadas pelos incêndios florestais e outros fatores e a manutenção e reconversão de áreas dedicadas a monocultura de eucalipto, por exemplo, por espécies autóctones. O objetivo é gerar florestas mais adaptadas às condições do território nacional e resistentes a fatores externos.

Em Portugal, os incêndios florestais são frequentes e a maioria resulta de “mão humana”. Lília Costa diz que os que ocorrem em território nacional têm efeitos diferentes conforme o tipo de floresta atingida. “Se falarmos de incêndios em áreas de vegetação natural e seminatural, o impacto é bastante negativo”, explica. Apesar de as espécies autóctones serem resilientes aos incêndios, em muitas das zonas atingidas os ciclos de fogo são curtos, não permitindo que a vegetação recupere por completo. “Além disso, os incêndios florestais facilitam a propagação de espécies invasoras, que inibem o desenvolvimento de espécies nativas e, consequentemente, da biodiversidade”, adianta a administradora da Ecorede, acrescentando que, “em Portugal, grande parte dos incêndios florestais consome plantações de pinheiros e eucaliptos, com grau de biodiversidade baixo. O impacto é reduzido”.

Chuva acalma fogos

Por coincidência, desde o início deste ano ocorreram muitos períodos de precipitação, o que tem contribuído para não se estar a ouvir falar de incêndios florestais em Portugal no período em que o país tem estado imobilizado por causa do efeito da Covid-19. Lília Costa afirma mesmo que os trabalhos de prestação de serviços e atividades no setor florestal, apesar do abrandamento da maior parte dos setores em Portugal, se desenvolveram numa quase normalidade. “Existiu, naturalmente, a necessidade de nos adaptarmos a nova realidade e, por isso, de definir medidas que protegessem todos os que trabalham connosco”, explica ainda a administradora.


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