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especial logística e transportes | abertura

Logística e transportes vivem tempos de transformação

Transformação parece ser a palavra de ordem da atividade logística e de transportes. Sector crucial para o funcionamento da economia e com um peso relevante no PIB nacional, esta área de atividade enfrenta os desafios da inovação tecnológica, da globalização e da sustentabilidade.





É um facto assente que cadeias logísticas eficientes são uma peça fundamental para a competitividade económica de um país e, por isso, a eficiência logística e a necessidade de mais transportes (rodoviários, marítimos, ferroviários ou aéreos), dotados de infraestruturas adequadas e eficazes, são temáticas que estão na ordem do dia sempre que se analisa este sector de atividade, que representa cerca de 10% do PIB.

Juntam-se as tendências de digitalização aceleradas pela pandemia, a reorganização das cadeias de abastecimento, e a consequente rede de transportes numa era de globalização crescente e ainda questões relacionadas com a sustentabilidade do negócio, que também continuam a marcar a atualidade da atividade deste segmento de mercado.

Novos desafios

O atual cenário mostra que o sector está em grande transformação, uma realidade que se acelerou com a pandemia, já que os diferentes players deste mercado tiveram de antecipar algumas das medidas que estavam na “gaveta” para dar resposta às novas necessidades do mercado.

A panóplia de soluções tecnológicas direcionadas para este mercado tem-se multiplicado, desde soluções informáticas de gestão e controlo de frotas a aplicações para gestão de armazéns, com recurso a smartphones ou tablets, sistemas de gestão de tráfego ou robôs inteligentes. Uma oferta tecnológica que confirma o impacto que o sector tem no desenvolvimento económico e na competitividade empresarial.

Por isso, e tal como em tantos outros sectores de atividade empresarial, as cadeias de abastecimento e o sector dos transportes a elas associado enfrentam o desafio da digitalização, um tema que, a par da subida dos preços dos transportes e da sustentabilidade ambiental, esteve no centro do último congresso da Associação dos Transitários de Portugal (APAT). O congresso foi palco de análise da atividade, que também sofreu o impacto da covid-19 e que agora enfrenta a subida generalizada do preço dos combustíveis, tal como a escassez de contentores de transporte de mercadorias e com a concorrência mais aguerrida entre os diferentes players. Na ocasião, António Nabo Martins, presidente executivo da APAT, não deixou de referir também a preocupação com a falta de mão de obra. “Estamos a viver grandes alterações no trabalho, quer na vertente mais operacional quer na separação, seleção e distribuição”, afirmou.

Lidar com a mudança

A par das inovações protagonizadas pela logística, muitas delas fruto do aparecimento de startups com ideias disruptivas para a atividade, também o mercado dos transportes de mercadorias tem estado na vanguarda da inovação tecnológica. Os fabricantes, por exemplo, têm vindo a desenvolver tecnologia para preparar a transição energética e responder ao compromisso de 2040 de carbono zero.

O sector dos transportes está igualmente empenhado em diminuir os custos operacionais e a adotar veículos de última geração, com rendimentos superiores aos anteriores, para diminuir o impacto ambiental. Contudo, a atualidade pandémica trouxe outros fatores disruptores, como a falta de matérias-primas e uma cadeia logística com algumas lacunas para dar resposta às necessidades. Veja-se o exemplo do transporte marítimo, que, devido aos atrasos, vive momentos de incerteza por não conseguir colocar na Europa matérias-primas em falta.

Este cenário evidencia o peso que o transporte tem na cadeia logística e a sua importância para o bom funcionamento da economia. Um sistema de transporte desadequado, seja de que tipo for, além de encarecer os custos do processo logístico, compromete o desenvolvimento da atividade. Em suma, de nada servem estratégias de armazenamento ou distribuição sofisticadas e tecnologicamente inovadoras se no limite a etapa do transporte não for bem-sucedida e não se cumprir uma dimensão fulcral em todo o processo: o cumprimento dos prazos de entrega adequados às necessidades de quem compra. Ou seja, mesmo com todo o avanço tecnológico que possibilita a troca de informações em tempo real, o transporte é uma peça essencial para que se cumpra o objetivo final de uma cadeia logística: transportar o produto certo, na quantidade certa, na hora certa, ao lugar certo e com o menor custo possível.

Tecnologias de informação que permitam fazer um planeamento e um controle mais rigoroso das operações e que encontrem soluções intermodais que permitam reduzir custos são por isso, e cada vez mais, uma aposta de investimento das empresas.

Desta forma, as empresas têm agora de lidar com as mudanças impostas pelas novas ferramentas tecnológicas, como o comércio eletrónico e as plataformas digitais, que transformaram as cadeias de abastecimento e o negócio logístico, e ainda com o aumento de crimes cibernéticos. Sem esquecer que todas estas transformações/inovações impõem uma inevitável requalificação dos recursos humanos ao nível da formação e da mudança de mentalidade e comportamento.

Ainda recentemente Raul Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Logística (APLOG), a propósito de um debate sobre os desafios e as oportunidades que se apresentam ao país numa altura em que tanto se fala da necessidade de repensar a globalização, referia publicamente que a globalização está mais ameaçada pela sustentabilidade do que pela rentabilidade das operações. Lembrou também as tendências aceleradas pela pandemia, as tensões nas cadeias de abastecimento, a crise dos contentores, a globalização, a digitalização, a sustentabilidade, bem como a aposta na tecnologia e no reskilling dos recursos humanos.

E-commerce movimenta logística e transportes

O aumento das compras online tem sido igualmente uma peça fulcral na dinamização do sector da logística e transportes no último ano e meio, período em os consumidores aumentaram as compras em lojas virtuais, que necessariamente tiveram que recorrer a serviços de entregas para fazer chegar os produtos a casa dos clientes. Veja-se o caso do último CTT e-Commerce Report 2021, que aponta para o crescimento na ordem dos 46% do e-commerce B2C (Business to Consumer) em Portugal no ano passado. De acordo com este relatório, o valor total do comércio eletrónico em 2020 foi na ordem dos €4,4 milhões. Constata-se ainda que os portugueses aderiram às compras através da internet, estimando-se que no final deste ano haja 4,6 milhões a comprar online. O relatório revela também que, relativamente à origem das compras “e como consequência dos efeitos da pandemia nos transportes e cadeias de abastecimento internacionais”, o crescimento de e-sellers de Portugal e Espanha ganhou importância. Pelo contrário, registou-se uma queda acentuada das compras e da inerente circulação de produtos oriundos da China e do Reino Unido.