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e eficiência energética | OPINIÃO

O imobiliário como alavanca

Luís Lima, presidente da APEMIP - Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal

A situação pandémica que assolou o mundo neste ano de 2020 criou um cenário absolutamente inédito, repleto de incertezas sobre o futuro





D epois de, em 2019, se registar uma taxa de crescimento de 2% no número de transações de alojamentos familiares, a expectativa para 2020 seria a de manutenção deste comportamento.

Mas o imobiliário sofreu na pele os danos do vírus. De acordo com os dados referentes ao número de transações de imóveis habitacionais, no primeiro trimestre deste ano venderam-se 43.532 casas, registando-se uma quebra de 11,6% face ao trimestre anterior e de 0,7% face ao período homólogo.

Os números não são uma surpresa e justificam-se pelo adiamento de investimentos, quebra da procura impelida pela ausência de rotas aéreas e cancelamento de negócios que estavam previstos, que deixaram muitas empresas numa situação deveras complicada, acentuada pelo estado de emergência que as impediu de desenvolver a sua atividade normalmente.

Perante esta realidade, já era expectável que o número de vendas registasse uma quebra, que deverá ser mais acentuada no segundo trimestre do ano. Ainda assim, o imobiliário vai revelando sinais de alguma firmeza.

Sabemos que esta pandemia terá um impacto económico sem precedentes, com consequências que terão reflexos diretos no panorama laboral, que influenciará diretamente o desempenho do mercado imobiliário.

No entanto, estamos crentes de que este sector será, como o foi na anterior crise, um dos primeiros a dar mostras de recuperação, alavancando outros, como o do turismo. Para tal será necessário que os agentes do sector estejam preparados para as mudanças de paradigma do negócio imobiliário, como vimos acontecer num passado bem recente.

"Será necessário que os agentes do sector estejam preparados para as mudanças de paradigma do negócio imobiliário"

No horizonte, o pior desta pandemia prende-se com a incerteza que impede o planeamento, tornando-se particularmente difícil gizar estratégias de negócio e com uma eventual tendência de desvalorização do património (como assistimos no tempo da troika), mas que desta vez só se justificará pelo reajustamento a alguns preços especulativos que estariam a ser praticados, sobretudo nas principais cidades do país, pois se na última crise havia um excesso de oferta que motivava a descida de preços, desta vez tal não se verifica, sobretudo nos segmentos médio e médio baixo, onde continua a haver falta de casas à medida das necessidades e possibilidades dos jovens e das famílias.

A nova realidade continuará assente na captação de investimento estrangeiro, que deverá ser estimulada pela manutenção dos programas de captação de investimento como o Regime Fiscal para Residentes Não Habituais e o Programa de Autorização de Residência para Atividades de Investimento, e pelo mercado de arrendamento urbano, quer numa perspetiva de negócio, quer numa perspetiva de investimento.

Para as imobiliárias, este será igualmente o momento chave para demonstrarem o valor do seu papel no panorama do sector, apostando na qualificação dos seus profissionais e demonstrando que esta classe está hoje muito melhor preparada para lidar com as dinâmicas do mercado do que em crises anteriores, tornando-se uma vez mais uma força motriz da economia nacional.