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PME marcadas pela resiliência e pela inovação

Inovação, resiliência e competitividade. Eis as novas palavras-chave do universo das pequenas e médias empresas nacionais (PME), que no último ano têm enfrentado, em muitos casos, o mais duro dos desafios: a sobrevivência. Mas, apesar do cenário de crise devido à pandemia, ainda sem fim à vista, as PME portuguesas têm sido exemplo de grande perseverança.

Texto: José Miguel Dentinho



A o longo do último ano a economia mundial sofreu uma reviravolta inesperada devido à pandemia que a Covid-19 trouxe ao mundo, e a que o mercado nacional, como seria se esperar, também não escapou. Negócios temporariamente encerrados, redução do consumo, restrições à circulação, inclusive com encerramento de fronteiras, com as inevitáveis quebras nas exportações (de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, em 2020 as exportações de bens em Portugal desceram perto de 10,2%), são realidades que abalaram a competitividade das empresas nacionais, mas que estas se esforçam por ultrapassar reinventando-se e recorrendo à inovação nos produtos e serviços que colocam no mercado. Um trabalho de peso e fundamental para a dinamização económica, ou não representassem as PME cerca de 99% do tecido empresarial nacional e 56% do volume de negócios total das empresas que operam no nosso país. Sem esquecer que, segundo os números mais recentes da Pordata, são responsáveis por empregar 78% das pessoas no ativo.

A base de dados Iberinform relativa a 2019 contabilizou na altura 48.214 pequenas e médias empresas a nível nacional, sendo que o sector de atividade dominante era o de comércio por grosso (inclui agentes), com 7900 empresas contabilizadas, seguido do comércio a retalho (exceto de veículos automóveis e motociclos), com 6329 empresas, e promoção imobiliária (desenvolvimento de projetos de edifícios), construção de edifícios, com 2801 empresas.

Medidas de apoio contrariam crise

Consideradas um dos principais motores do crescimento económico, do emprego e da inovação, as PME são também as mais vulneráveis na conjuntura atual, e daí, perante as dificuldades que as assolam, a urgência nos apoios governamentais se faça notar cada vez mais. Ao longo do ano passado, e mesmo já este ano, o esforço tem sido no sentido de minorar o impacto da crise na liquidez das empresas através de financiamento a fundo perdido, mecanismos de lay-off, medidas de apoio de teletrabalho (como a medida de assistência à família de que os pais em teletrabalho podem usufruir) ou até os mecanismos de financiamento implementados pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), que já disponibilizou, a nível europeu, aproximadamente 20 mil milhões de euros para combater as consequências económicas da pandemia, assim como para apoiar medidas na área da saúde, como revelou recentemente Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do BEI. Aliás, refira-se que em 2020 Portugal foi o quarto país da União Europeia que mais beneficiou das operações do BEI. O financiamento e a concessão de garantias a projetos nacionais atingiu os 2336 milhões de euros, mais 44% face aos 1662 milhões de euros verificados em 2019. Também entidades setoriais têm vindo a implementar programas de apoio a empresas que se enquadrem no seu âmbito.

O Turismo de Portugal, a AICEP – Portugal Global ou o IAPMEI são disso exemplo, com alguns dos programas e instrumentos que têm vindo a implementar no último ano. Desde linhas de seguro de créditos à exportação de curto prazo para países fora da OCDE até ao Programa APOIAR, ou o apoio à retoma progressiva por quebra de faturação da empresa, ou ainda a linha de apoio à qualificação da oferta, no caso do turismo, as medidas vão-se sucedendo, com mais ou menos sucesso, junto do tecido empresarial.

A estratégia vai manter-se, uma vez que ainda em meados de fevereiro o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, confirmou o lançamento de novos apoios às PME.

Inovação a marcar pontos

Contrariando a falta de liquidez, muitas PME puseram mãos à obra e transformaram a crise numa oportunidade para se reinventarem através da inovação que introduziram ou nos serviços ou produtos que comercializam. Tem sido, por isso, recorrente assistirmos à entrada de empresas em sectores que tradicionalmente não são os seus, aproveitando as lacunas que o mercado criou devido a algumas novas necessidades de consumo que os tempos de pandemia provocaram. Por isso muitas se viraram para a produção de equipamentos de proteção individual, máscaras ou viseiras. Mas não só, porque também em sectores como a restauração, nomeadamente com o take away, houve uma reinvenção de ofertas ao consumidor. A capacidade de adaptação foi acompanhada pela há muito falada transformação digital, agora acelerada pelas contingências de mercado. Aliás, a digitalização de empresas, marcas e consumidores marcou definitivamente o último ano e, inclusivamente, dinamizou a atividade das empresas de tecnologia, talvez um dos poucos sectores que não sofreu com a crise. Com o aumento do ecommerce, muitas empresas tiveram de rapidamente se apetrechar das ferramentas necessárias para pôr em marcha as plataformas digitais que melhor e de forma mais célere as fizessem chegar aos clientes ou aos parceiros de negócio. Com os consumidores em confinamento, também as compras online dispararam e as organizações tiveram de inovar na criação de alternativas atrativas para o consumidor.

Convite aos turistas

Hoje, a grande albufeira interior é mais um motivo de visita a uma região com muitos atrativos, que tem contribuído para a chegada de mais turistas, número que se espera que cresça no período pós-pandemia. Além da sua produção agrícola e extrativa, a presença do Porto de Sines no litoral atlântico deste território tem contribuído para alicerçar a região em termos económicos, não só como via de entrada para produtos energéticos e outras mercadorias, mas também como ponto de embarque para exportação para o continente americano. Melhores ligações ferroviárias à Europa e um maior desenvolvimento do Aeroporto de Beja contribuirão certamente para uma evolução positiva dos negócios do Alentejo e das suas empresas e pessoas.

ANI cria Portal de Inovação

Reunir num único espaço toda a informação relacionada com inovação e potenciar a inovação colaborativa em Portugal é o objetivo do mais recente projeto da ANI – Agência Nacional de Inovação. Consiste num portal que agrega conteúdos relacionados com inovação e no qual entidades de investigação científica e tecnológica, empresas e investigadores poderão encontrar informação e potenciais parceiros para os seus projetos.

No fundo, esta nova ferramenta funciona como motor de busca do Sistema Nacional de Inovação (SNI), agregando, desta forma, todos os conteúdos que estavam dispersos por várias plataformas, de várias entidades e programas, ou que não estavam disponíveis. Ali passa a estar disponível informação direcionada para empresas, investigadores e entidades de I&D, numa lógica one-stop-shop, para incentivar a inovação colaborativa.

Em suma, quer seja uma empresa que procura uma solução tecnológica para resolver uma necessidade, um investigador que pretende encontrar parceiros no SNI ou uma entidade de I&D que pretende divulgar a sua oferta tecnológica, todos estes players podem encontrar respostas no novo portal. Por outro lado, o portal também permite pesquisar competências dos investigadores, entidades que trabalham com tecnologias específicas, encontrar parceiros de negócio, procurar e oferecer tecnologia, entre muitas outras funcionalidades. Já estão registados mais de 40 mil currículos de investigadores, com base nos registos geridos pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e 1235 entidades.

O portal tem uma área reservada, na qual cada subscritor poderá gerir a informação com interesse de acordo com as suas necessidades.