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sustentabilidade ambiental | abertura

A sustentabilidade ambiental é essencial

Mas o objetivo das zero emissões líquidas não depende apenas do empenho das empresas e dos seus gestores. É também uma responsabilidade de governos, instituições e pessoas de todo o mundo

Texto: José Miguel Dentinho



AComissão Europeia (CE) apresentou recentemente a proposta Net-Zero Industry Act, para tornar a União Europeia mais autossuficiente na produção de tecnologias limpas, cruciais para a transição energética. Esta iniciativa faz parte do Green Deal Industrial Plan e pretende garantir o cumprimento dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu, que visa tornar a Europa no primeiro continente neutro em termos climáticos até 2050.

A intenção é tornar o sistema energético do continente mais seguro, independente do exterior e sustentável pela via da produção tecnológica, que até agora estava concentrada em países terceiros, entre outros de turbinas eólicas, painéis solares, soluções de armazenamento de carbono e componentes necessárias para a produção de hidrogénio.

"A CE quer garantir uma cadeia de valor sustentável e competitiva das matérias-primas essenciais na Europa"

Renováveis a custo baixo

O objetivo é que a capacidade global estratégica europeia de produção de tecnologias verdes atinja, pelo menos, 40% das necessidades da União Europeia até 2030. A CE pretende também garantir uma cadeia de valor sustentável e competitiva das matérias-primas essenciais na Europa. Para que isso aconteça, já propôs uma reforma do desenho e funcionamento do mercado da eletricidade, que permitirá aos consumidores beneficiarem dos baixos custos de produção das energias renováveis. Espera-se, com tudo isto, que o cumprimento dos objetivos da União Europeia em matéria de clima e energia para 2030 acelere, tal como a transição para a neutralidade climática. Ao mesmo tempo a competitividade da indústria da União Europeia sairá reforçada e serão criados mais empregos de qualidade.


Um caminho condicionado

O texto final da 28.ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 28), que decorreu no início de dezembro no Dubai, não incluiu a decisão da eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis aguardada por muitos. No entanto, propõe, pela primeira vez, que os países realizem uma transição para abandono do uso desse tipo de matérias-primas, onde se incluem o petróleo, o gás e o carvão, que representam ainda 80% da produção de energia usada para suprir as necessidades da economia global. Da COP 28 salienta-se, sobretudo, a aprovação do fundo de perdas e danos para apoiar países vítimas de catástrofes naturais, para o qual Portugal anunciou a contribuição de cinco milhões de euros.

A descarbonização da economia é um desafio gigantesco. Há cenários, como o da Agência Internacional de Energia, que nos apontam o caminho seguir. O custo previsto, de 7,6 biliões de euros, é astronómico. Mas se for enquadrado em termos da soma do Produto Interno Bruto (PIB) de todos os países do mundo, representa, efetivamente, um arrefecimento da economia de 1,5% em 2030.

Mas é preciso não esquecer que vivemos num mundo onde 770 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade, dois mil milhões não têm água potável e 3,6 mil milhões vivem sem serviços de saneamento adequados, e que, por isso, é também essencial investir na melhoria do acesso a infraestruturas fiáveis e sustentáveis.

Apesar de ainda estar condicionada pela pressão política e económica de alguns produtores de matérias-primas primárias, é preciso continuar o caminho para a sustentabilidade ambiental. Basta lembrar que é essencial para assegurar o futuro do planeta para as próximas gerações. É, por isso, um fator cada vez mais fundamental para a boa gestão das empresas e uma prioridade política para cada vez mais países e organizações.

€4,6

MIL MILHÕES
Valor dos impostos com relevância ambiental em 2022

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Responsabilidade repartida

Mas o objetivo das zero emissões líquidas não depende apenas do empenho das empresas e dos seus gestores. É também uma responsabilidade de governos, instituições e pessoas de todo o mundo, porque implica uma mudança global de mentalidades e comportamentos em relação à forma como se produz e usa a energia, se utiliza e descarta os resíduos urbanos e outros, se encara e protege os ecossistemas e a sua biodiversidade, se utiliza e gere a água, em particular a potável, que é cada vez mais escassa para as necessidades das pessoas e do nosso planeta, e se diminui as emissões de gases com efeito de estufa e outros. Além disso é necessário, numa época em que os efeitos das alterações climáticas se fazem sentir de forma cada vez mais marcada e muitas vezes inesperada, de mais e melhor preparação para o imprevisto e para os riscos de curto prazo de ocorrência dos seus efeitos. E também para agir com o empenho e a determinação essenciais à resiliência, com base em conhecimento adquirido através da experiência e da troca de informações entre empresas e estas e os centros de investigação.

Os bons exemplos

É sobre ambiente e sustentabilidade ambiental que falamos neste especial, abordando temas tão atuais como os efeitos das guerras a decorrer na Ucrânia e, mais uma vez, entre Israel e a Palestina e o que está a ser feito pelas empresas e instituições públicas e privadas nesse sentido, incluindo as principais dificuldades e constrangimentos que condicionam a mudança, os objetivos e os diversos caminhos que as empresas têm percorrido e ainda têm de implementar para tornar os seus negócios mais sustentáveis em termos sociais, económicos e ambientais.