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e eficiência energética | ABERTURA

A recuperar o fôlego!

O desconfinamento trouxe melhoria e boas expectativas ao sector imobiliário nacional. A recuperação do turismo, da construção civil e algum dinamismo económico estão a fazer com que o sector recupere o otimismo





O sector imobiliário nacional parece estar a recuperar o fôlego face às contrariedades que, como em muitos domínios empresariais, têm caracterizado a atividade devido ao impacto que a pandemia causou na economia nacional. Os investidores continuam ativos e a procurar oportunidades de investimento, o que também tem propiciado o crescimento do número de empresas imobiliárias, quer num modelo de negócio mais tradicional, quer através de inovadoras plataformas digitais.

O aumento do número de empresas imobiliárias nos primeiros seis meses deste ano representa um sinal de otimismo. Dados disponibilizados apontam para que tenham sido criadas 2278 empresas – Lisboa, Porto e Setúbal dominaram –, com atuação nos sectores de compra e venda de imóveis, mediação e arrendamento, um número que representa uma subida de 37% relativamente aos primeiros seis meses de 2020.

O desafio da inovação digital

A quantidade e diversidade de plataformas digitais, algumas nacionais, outras filiais de empresas internacionais, que têm surgido no mercado nos últimos tempos é uma realidade a que as empresas de mediação imobiliária mais tradicionais não têm conseguido escapar. A competitividade aumentou com a entrada das chamadas protechs, nome que se dá a start-ups que juntam tecnologia e imobiliário.

Com a promessa de um serviço mais célere e competitivo, entre outras características, estas plataformas revolucionaram a forma como as pessoas compram casa e “obrigaram” muitas organizações do sector imobiliário a acelerar o processo de transformação digital. [Ver entrevista do presidente da APEMIP nas páginas seguintes.]

E apesar de muitos profissionais defenderem que ninguém compra casa sem ver, a realidade é que no último ano a tecnologia e as novas plataformas de mediação imobiliária, com novas formas de promover os imóveis e de dinamizar processos, vieram dinamizar a atividade ao chegaram a uma nova geração de clientes/investidores. Quem está neste mercado acredita que vai continuar a assistir-se ao crescimento das soluções tecnológicas no imobiliário.

Estrangeiros mantêm investimento no luxo

Os investidores estrangeiros continuam a ser quem mais investe no negócio do imobiliário de luxo, com destaque para as nacionalidades francesa, brasileira, alemã e chinesa. Investem sobretudo em casas na região de Lisboa, mas optam por produtos diferentes. Estes dados são da multinacional Engel & Völkers e dizem respeito ao ano passado. A análise desta empresa especializada na mediação de imóveis de luxo refere que 35% dos investimentos realizados na capital portuguesa foram de capital estrangeiro. Desta percentagem, 21% foram da responsabilidade de franceses, seguindo-se os britânicos e os brasileiros, com 18%, os alemães com 9% e os chineses com 7%.

A Engel & Völkers explica ainda que no ano passado a maioria dos investimentos franceses foram realizados em imóveis com vista para o Tejo, com destaque para os Bairros da Estrela, Belém, Santa Maria Maior e Misericórdia. Já a preferência dos investidores do Brasil foi para as zonas de Santo António e Graça, enquanto os britânicos e alemães procuraram por propriedades em zonas históricas da cidade. Apesar dos receios associados à pandemia, os grandes negócios imobiliários têm continuado a concretizar-se, seja no âmbito residencial, seja comercial.

Recorde-se que um dos instrumentos que nos últimos anos tem contribuído positivamente para investimento imobiliário estrangeiro em Portugal – o Programa de Autorização de Residência para Investimento, vulgarmente conhecido como visto Gold – registou uma quebra de 60% em julho, comparativamente ao mesmo mês do ano passado. Os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) revelam que em julho foram entregues 35 vistos através da compra de bens imóveis. As nacionalidades que receberam mais vistos foram a China, com 10, os Estados Unidos e a Rússia, com cinco cada, o Brasil, com quatro, e a Turquia, com três. Nos primeiros sete meses deste ano, o investimento captado através dos vistos Gold somou 259,8 milhões de euros, menos de 40% face aos 439 milhões dos mesmos meses de 2020.

Pandemia reforça ligação à casa

Um dos “fenómenos” exponenciados pela pandemia foi a “descoberta” da casa. Ou seja, o facto de muitos portugueses terem estado em teletrabalho levou a que valorizassem mais as suas habitações, com muitos a procurarem casas maiores, com mais conforto e até fora do espaço urbano.

Outro fenómeno a que este sector assistiu foi à procura de segunda habitação, uma consequência da liberdade de mobilidade proporcionada pelo teletrabalho, que permite trabalhar de qualquer local, geograficamente falando. Por isso regiões na maioria das vezes associadas a férias transformaram-se em segunda habitação por via da compra ou do arrendamento. Nesta matéria, o estudo Nova Vida, Nova Casa, da JLL concluiu, por exemplo, que 49% dos portugueses fariam ajustes na sua casa devido à pandemia, sendo a criação de um espaço de trabalho (51%) e a modernização do espaço exterior (34%) as duas principais mudanças. As alterações também foram sentidas nos espaços comerciais e empresariais, com as empresas a redimensionarem os seus escritórios. A descentralização dos colaboradores para casa e as formas híbridas de trabalho levam as empresas a procurar espaços que respondam às novas necessidades dos colaboradores.

Imóveis sustentáveis, precisam-se!

Apesar desta renovada abordagem ao conceito casa, a verdade é que os níveis de eficiência energética nos imóveis nacionais ainda deixam muito a desejar, apesar dos esforços desenvolvidos nos últimos anos. Um deles tem sido o programa governamental Edifícios mais Sustentáveis, que através de ajuda financeira tem apoiado a substituição, por exemplo, de janelas não eficientes por janelas eficientes, de classe energética igual a A+, nas casas dos portugueses ou ainda a instalação de painéis fotovoltaicos, entre outro tipo de equipamentos.

Mas ainda há um longo caminho a percorrer, como deixam adivinhar os dados do Eurostat relativos a 2019, segundo os quais cerca de 19% dos portugueses não conseguem aquecer a casa no inverno, uma percentagem que coloca Portugal na quarta pior posição entre os restantes países europeus. Refira-se que, de acordo com as estatísticas mais recentes, a média da União Europeia está nos 6,9%. Com percentagens mais elevadas que Portugal estão apenas Bulgária, 30%, Lituânia, 26,7%, e Chipre, 21%. Já a portuguesa ADENE, entidade gestora do Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE), através do seu estudo de mercado sobre a eficiência energética na habitação particular, realizado em 2017, concluiu que os consumidores gastavam, em média, cerca de 112 euros mensais no consumo de energia e água na habitação e que a eletricidade é a fonte de energia que implica maior despesa, seguindo-se, com pouca diferença entre si, o gás e a água.