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e eficiência energética | OPINIÃO

Acesso à habitação: uma oportunidade para um desenvolvimento económico e ambiental mais sustentável

Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal





A situação atual vem realçar a importância de definir novos objetivos e métricas na sociedade, que deverão ser alinhados, ou prevalecer, sobre o habitual objetivo maior do crescimento económico, e que passam pela qualidade de vida da população, pelas necessidades básicas da sociedade e pela sustentabilidade ambiental.

Em termos de habitação, a acessibilidade e eficiência estão relacionadas com a sustentabilidade ambiental. Na Europa, os edifícios são dos maiores responsáveis pelas emissões de carbono, o que origina um importante impacto negativo no ambiente. Portanto, os esforços para cumprir as metas ambientais definidas e acordadas na UE exigem iniciativas ambiciosas para reduzir a pegada de carbono da construção e melhorar a eficiência energética do parque imobiliário existente.

No futuro, as cidades têm que evoluir para ecossistemas dinâmicos e flexíveis, assentes no paradigma “viva, trabalhe e divirta-se”, para atraírem e reterem população produtiva e qualificada. A tecnologia e a evolução digital serão decisivas para o desenvolvimento das cidades, dos edifícios residenciais e comerciais.

No sector imobiliário, a tecnologia e os novos comportamentos das populações vão impor novos padrões de qualidade de construção, novos layouts dos edifícios residenciais, comerciais e de escritórios, bem como exigir inovação e eficiência energética que garantam boas condições para os utilizadores.

Mesmo com a eventual adoção mais massiva do teletrabalho, as cidades continuarão a prevalecer e a concentração urbana parece, nos dias de hoje, inevitável. O efeito de aglomeração que se verifica nas regiões com a população mais ativa tende a torná-las mais produtivas, gera mais oportunidades e maior diversidade, potencia a capacidade para uma progressão sustentável da sociedade, mitigando as desigualdades.

Estes movimentos vêm criar oportunidades no mercado residencial, das quais destaco três: o mercado de arrendamento, a industrialização da construção residencial e os mercados secundários, com menor densidade populacional.

O mercado de arrendamento é, seguramente, o segmento com maior margem de crescimento e profissionalização. A procura é claramente superior à oferta, e a oferta existente não se ajusta à procura, seja por tipologia, localização ou preço. Projetos built to rent, pensados de raiz para a procura atual neste mercado – seja a nível de produto, como serviços adicionais em conceito pay per use –, são ideais para um perfil de cliente que necessita e valoriza soluções flexíveis. Permitem aos jovens acederem à sua primeira habitação e possibilitam que as famílias tenham acesso a soluções de habitação temporárias, mesmo quando o objetivo dos jovens e famílias é a aquisição no longo prazo.

A necessidade de fábricas e fornecedores especializados para a industrialização da construção residencial é uma clara oportunidade para uma evolução que é inevitável em Portugal. São vários os países que já estão a realizar esta transição, para que o processo offsite da obra seja cada vez maior e mais comum, com benefícios diretos no impacto ambiental, diminuição dos tempos de obra e flexibilização das soluções habitacionais e tipologias.

Outra tendência, que já vínhamos a registar desde 2019, passa pelo aumento da procura em mercados periféricos das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, naturalmente com uma motivação forte: ganhar poder de compra face ao aumento dos preços no centro da cidade. Contudo, já nessa altura para muitos esta não era a alternativa possível, mas sim uma opção principal para jovens famílias que procuram melhor qualidade de vida.

Necessitamos de políticas de habitação e de regeneração urbana com uma lógica de longo prazo, forward thinking, tendo em consideração as megatendências climáticas, tecnológicas, demográficas, de hábitos e preferências dos portugueses. Todos estes fatores são determinantes para assegurar um desenvolvimento social e economicamente mais sustentável.