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especial gestão de pessoas | ABERTURA

Pessoas e negócios, duas faces da mesma moeda

Nem só de salário se faz a relação entre empresas e colaboradores nos dias de hoje. Atualmente, estes últimos valorizam outros fatores que vão além da remuneração, uma nova realidade a que as empresas se têm vindo a adaptar.



Agestão de recursos humanos, ou gestão de pessoas, no setor empresarial protagoniza talvez uma das grandes mudanças de paradigma dos dias de hoje. Os profissionais estão diferentes, esperam da “sua” empresa ou organização mais do que um bom salário, e esta, por sua vez, confronta-se com a necessidade de ter de se adaptar a uma nova realidade em que a contratação e retenção de talentos é um problema real. Em particular em algumas áreas de trabalho (nas TIC, por exemplo), em que essa dificuldade se tem acentuado nos últimos anos, sobretudo quando estão em causa profissionais da chamada “geração millennial”.

Os desafios do momento

São vários os desafios que quer as empresas quer os recursos humanos enfrentam. “As empresas necessitam de ter uma correta e apelativa estratégia de atração de talento, pois a ‘batalha’ para recrutar os profissionais que fazem a diferença é um fator crítico de sucesso das organizações”, destaca Nuno Fraga, consultor da Hire & Trust - Talent Management.

Mas este profissional não fica por aqui, já que identifica a retenção de talento como outro dos desafios da atualidade, porque, afirma, “os bons colaboradores são muito ‘apetecíveis’ no mercado, e desse modo as organizações devem conseguir elevados níveis de satisfação dos seus colaboradores para evitar a sua saída”. Este profissional lembra ainda que o tema da retenção acaba por se cruzar com outro desafio para as organizações, que tem a ver com o facto de conseguirem gerir o equilíbrio entre os colaboradores que pertencem à geração dos millenials e outros de gerações anteriores. “De facto, os fatores de motivação de uns e de outros nem sempre são coincidentes, e torna-se ainda crítico o equilíbrio entre a irreverência dos millenials e a forte experiência dos restantes colaboradores”, alerta.

Isabel Meireles, diretora de recrutamento e seleção da Egor, recorda que “o paradigma mais recente colocou as pessoas no centro das preocupações das empresas e como elemento fundamental ao seu desenvolvimento, ao aportarem valor pela sua singularidade e competências, e o focus passou a ser a gestão do talento”. Em sua opinião, o desafio passa agora por proporcionar a melhor employee experience, trabalhando todas as interações do colaborador, desde o primeiro contacto como um candidato potencial até ao fim do vínculo de trabalho com a empresa, no pressuposto de que ao oferecerem as melhores vivências aos colaboradores estes corresponderão na forma de proporcionar as melhores experiências aos clientes.

Como manter os talentos

O que fazer então para contornar esta cada vez mais óbvia dificuldade de as empresas reterem as suas equipas e talentos? Quem anda no “terreno”, como é o caso de Nuno Fraga, explica que a retenção hoje em dia não é apenas baseada em salário e que, apesar de este ser importante, existem outros fatores bastante valorizados pelos colaboradores, como a possibilidade de conciliação da vida pessoal com a profissional, as oportunidades de desenvolvimento profissional e de carreira dentro da organização, o sentimento de que a sua opinião é tida em conta e valorizada e a perceção de que a empresa possui um comportamento ético e socialmente responsável.

Também a diretora de recrutamento e seleção da Egor deixa algumas pistas. “Da minha experiência, a humanização das empresas configura o grande desafio da gestão. Partilhar o conhecimento, as dificuldades e os sucessos, fazer com que as pessoas se sintam parte do processo de crescimento e de tomada de decisões, constituem fatores determinantes para induzir os laços de pertença e o sentimento de afetividade e fidelização em relação à organização. Este envolvimento, para além de potenciar a partilha e estimular a criatividade, reflete-se positivamente na satisfação dos colaboradores e, concomitantemente, na maior produtividade.”

Para esta profissional, mais do que uma tendência, “a gestão e o desenvolvimento de talentos deve ser uma prioridade na estratégia das organizações, como forma de retenção e meio mais eficaz para criar uma cultura organizacional que seja a base para o crescimento da produtividade, pois assim torna-se necessário pensar e implementar planos de desenvolvimento pessoal e de bem-estar organizacional”.

“O fator humano será sempre indispensável e a qualidade dos colaboradores irá continuar a fazer a diferença”
Alexandre Moreno, Hire & Trust

Propostas de valor

Perante este cenário, que “cuidados” deve uma empresa ter durante o processo de recrutamento de uma equipa ou de um profissional?

“Desde logo, quando estão a fazer recrutamento, as empresas devem preocupar-se bastante com os soft skills, pois as competências técnicas, caso não existam, podem ser adquiridas.” Como dizia Peter Schutz, ex-CEO da Porsche, “Hire character, train skill”, destaca Alexandre Moreno, também da Hire & Trust - Talent Management. Segundo ele, é importante recrutar pessoas que estejam alinhadas com a restante equipa, mas por vezes é importante recrutar quem traga “diversidade e formas de pensamento diferentes”. Além disso, é preciso perceber que uma empresa não deve ser apenas composta por “estrelas”. Utilizando uma expressão futebolística, são precisos também os “carregadores de piano”, e de facto são muitas vezes estes que acabam por fazer a diferença, embora nunca tendo o destaque que é dado às tais “estrelas”.

Saber identificar talento é a recomendação de Isabel Meireles. “O novo mercado exige pessoas adaptáveis, capazes de pensar globalmente, aptas a saírem da sua zona de conforto e a aventurarem-se em novas geografias, pessoas criativas e inovadoras, flexíveis e com perfil multitarefa.”

“O paradigma mais recente colocou as pessoas no centro das preocupações das empresas e como elemento fundamental do seu desenvolvimento”
Isabel Meireles, Egor

Capital humano versus tecnológico

Neste ponto, a diretora da Egor lembra ainda que atualmente já existe muita tecnologia que pode ser aplicada aos recursos humanos e a todos os outros setores das empresas. Contudo, afirma, “o grande desafio é fazer com que as pessoas se adaptem a elas, aprendam a utilizá-las e se sirvam de todo o seu potencial para estabelecer diferenciais competitivos para o negócio”.

Nuno Fraga também alude a esta problemática e frisa que, apesar de haver uma crescente automatização de tarefas que leva ao desaparecimento de imensos postos de trabalho, “simultaneamente temos também assistido à criação de várias novas profissões, e muitas delas são consequência de desenvolvimentos a nível tecnológico que implicaram o surgimento das mesmas.”

Perante as perspetivas apontadas por estes profissionais, o que podem as empresas e os colaboradores fazer? Alexandre Moreno sugere que as empresas devem continuar a investir nos seus colaboradores, pois, por muita automatização que possa acontecer, “o fator humano será sempre indispensável e a qualidade dos colaboradores irá continuar a fazer a diferença”. Quanto aos colaboradores, aconselha a que estes “devem perceber que os desenvolvimentos tecnológicos serão constantes, e, desse modo, devem procurar adaptar-se”.