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VINHOS 2019 OS MELHORES DO ANO

vinhos do ano

Prova de vida

É composta por 105 vinhos a lista do ano do crítico gastronómico da VISÃO, Manuel Gonçalves da Silva.
Divididos em duas categorias maiores (Grandes Vinhos e Bons e Acessíveis) e todos, sem exceção, devidamente testados







POR Manuel Gonçalves da Silva
comer&beber@visao.pt




Como de costume, apresentamos no final do ano uma seleção dos vinhos provados ao longo destes últimos meses. Foi uma tarefa tão árdua como gratificante, também como de costume. O mais ingrato é ter de excluir tantos vinhos com qualidade bastante para figurarem ao lado dos escolhidos, que se pretendem representativos do maior número possível de produtores, de regiões vitivinícolas e até de estilos. Em contrapartida, renova-se o prazer ao se recordar experiências vividas nas sucessivas provas, muitas das quais foram memoráveis.

Podem causar estranheza certas omissões, como o Barca Velha e o Legado, da Sogrape, ou o Pêra-Manca, da Adega da Cartuxa (Fundação Eugénio de Almeida), por serem os mais emblemáticos destas grandes empresas e, provavelmente, do País. São grandes vinhos em qualquer parte do mundo. Mas, entrando eles, ficariam de fora o Quinta da Leda, da Sogrape, e o Scala Coeli, da Cartuxa, que não atingem o mesmo grau de sofisticação e de notoriedade, é certo, mas também são de grande categoria e… muito mais acessíveis.

QUANDO OS VINHOS SÃO REALMENTE BONS, AS OPÇÕES FAZEM-SE AO GOSTO DE CADA UM

Tal como nas edições anteriores, a seleção inclui cinco tipos de vinhos: brancos, tintos, rosés, espumantes e generosos (na verdade, agrupámos “generosos, licorosos e outros vinhos doces”, sem grande rigor técnico, diga-se), subdivididos em dois grupos: Grandes Vinhos, escolhidos em função da sua qualidade, sem olhar a outros fatores, como por exemplo o estilo ou o preço; e Vinhos Bons e Acessíveis, também com base na qualidade, mas atendendo igualmente ao preço, que não vai além de dez euros por garrafa (75 cl).

A escolha é subjetiva, obviamente. Quando os vinhos são realmente bons, as opções fazem-se ao gosto de cada um. Neste caso, o de quem fez a seleção. A lista podia ser outra, e até podiam ser várias, todas diferentes, tais são a quantidade e a qualidade dos nossos vinhos. Falta esclarecer que só constam dela os vinhos efetivamente provados, que foram muitos, mas não passam de uma pequena parte de quantos surgiram no mercado ao longo do ano.

Tentamos escrever sempre em bom português, de forma exata e clara, fugindo dos estrangeirismos, mas há muitos que não conseguimos evitar na linguagem do vinho. Alguns não carecem de explicação por serem de uso corrente, como terroir, ou fáceis de traduzir e entender, como field blend, mas outros exigem-na, como bâtonnage, palavra repetida várias vezes ao longo da prosa. Em linguagem corrente, pode explicar-se assim: certos vinhos, sobretudo brancos, beneficiam do contacto com as borras (diga-se, a propósito, que há borras grossas com leveduras, grainhas, películas e outras partículas sólidas, e borras finas, que praticamente só contêm leveduras e coloides, sendo as que interessam), para ganharem sabor, corpo e estrutura; ora, as leveduras vão-se precipitando no fundo à medida que morrem; entra aí a bâtonnage que consiste em bater as borras com um bastão (bâton, em francês), a fim de colocá-las de novo em suspensão, porque (por motivos que não cabe aqui esclarecer) vão melhorar o gosto e a textura do vinho.

O rol de vinhos que se segue, com as inevitáveis diferenças de estilos, de perfis e de preços, é um atestado de qualidade e uma eloquente prova de vida do setor vitivinícola português.


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